Por falta de documentação oficial, não se pode precisar o período de construção dessa relíquia, mas analisando construções, documentos correlacionados e a própria História do município, estima-se que foi iniciada por volta de 1800. Segundo PÓVOA (1986), nos tempos de glória do riquíssimo garimpo dessa região, hoje cidade de Conceição do Tocantins, chegaram trabalhar cerca de 10.000 (dez mil) escravos, tanto nas minas de ouro quanto nas grandes fazendas de gado e café, esse quantitativo chega a representar o dobro da população atual segundo o ultimo censo.
Como
tudo que se produzia e construía naquela época, era fruto do trabalho escravo,
A CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ não foi diferente. Foram inúmeros os negros que
morreram nas escavações das minas da qual era retirado o ouro que sustentava
toda prepotência de seus senhores, aproveitando as pedras para construir uma
grandiosa igreja, para a época.
Ainda
hoje, pode se vê ao lado da igreja restos das escavações da mina, que forneceu
material para construção das paredes, que chega a medir aproximadamente 40
metros de comprimento, 7 de altura e 80 centímetros de espessura.
O fato
curioso, é que até pouco tempo, antes do calçamento ao redor da igreja, era
comum às pessoas encontrarem pequenas pepitas de ouro, do barro que escorria
das paredes com as águas das chuvas.
Imagem de Nossa Senhora da
Conceição
Essas
relíquias e um símbolo de fé para o povo católico, sempre fizeram parte da cultura e da crença popular dos moradores
locais. Na igreja matriz, além da imagem de N.S. da Conceição, possuía outras
imagens todas de madeiras, que segundo os moradores tinham seu interior oco e
recheado de ouro. O que estimulou um roubo de varias peças ainda nos anos 80
A
imagem da Santa Padroeira foi doada pelo CEL. FULGÊNCIO DA SILVA GUEDES,
Comandante
Regional da Guarda Imperial, e foi trazida de Barreiras-BA, em lombo de
“mulas” e foi acompanhada por uma comitiva, que na chegada foi
recebida com grande festividade.
O fato
curioso, segundo relato de Dona Selita Guedes em uma conversa há anos atrás, foi que o animal utilizado no
transporte, recebeu uma espécie de alforria, isentando-o de qualquer tipo de
trabalho até os últimos dias de vida.
O Sino
O sino
da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição é feito de ferro e segundo os
moradores mais velhos do local, ele foi trazido de SÃO DISIDÉRIO – BA, em lombo
de mulas acompanhado de uma grande comitiva, visto que naquele tempo, o único
tipo de transporte era através de animais.
Esse símbolo ja desenvolveu e desenvolve uma função muito marcante na comunidade. Segundo educador russo
VYGOSTSKY, os signos e os instrumentos exercem importante função de mediação do
homem com o meio em que vive. Ha exemplo de outras cidades históricas, o sino
em Conceição tem uma função comunicativa, onde quase todos os moradores sabem
diferenciar suas batidas, que comunica e informa desde uma data comemorativa,
notas de falecimento, missa e outros eventos.
Ficando
assim evidente seu caráter histórico e social. Como fator histórico preexiste
aos indivíduos e é passível a mudanças, que se desenvolve ao longo do processo,
tomando outras formas de representação. Como fator social, é de uso de todo
grupo e não apenas de um indivíduo, criando assim formas culturais e sistemas
simbólicos de comunicação.
Como
marca da influência da cultura européia, o sino conta das seguintes inscrições
em Latim, bem como as iniciais de seu fabricante: “SIGNUN CRUCIS VENITE,
ADOREMOS ECDE”. FEITO POR O.D.F. EM 1880.
Nas próximas matérias iremos abordar o aspecto político histórico, além dos eventos culturais que se manifestam em torno dessa histocia e monumental riqueza, bem como, causos e personagem de nossa querida Conceição
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