8.04.2015

Matriz Nossa Senhora da Conceição; Um Pilar na História Tocantins.





     Por falta de documentação oficial, não se pode precisar o período de construção dessa relíquia, mas analisando construções, documentos correlacionados e a própria História do município, estima-se que foi iniciada por volta de 1800. Segundo PÓVOA (1986), nos tempos de glória do riquíssimo garimpo dessa região, hoje cidade de Conceição do Tocantins, chegaram trabalhar cerca de 10.000 (dez mil) escravos, tanto nas minas de ouro quanto nas grandes fazendas de gado e café, esse quantitativo chega a representar o dobro da população atual segundo o ultimo censo.
      Como tudo que se produzia e construía naquela época, era fruto do trabalho escravo, A CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ não foi diferente. Foram inúmeros os negros que morreram nas escavações das minas da qual era retirado o ouro que sustentava toda prepotência de seus senhores, aproveitando as pedras para construir uma grandiosa igreja, para a época.
       Ainda hoje, pode se vê ao lado da igreja restos das escavações da mina, que forneceu material para construção das paredes, que chega a medir aproximadamente 40 metros de comprimento, 7 de altura e 80 centímetros de espessura.
O fato curioso, é que até pouco tempo, antes do calçamento ao redor da igreja, era comum às pessoas encontrarem pequenas pepitas de ouro, do barro que escorria das paredes com as águas das chuvas.

 Imagem de Nossa Senhora da Conceição
      Essas relíquias e um símbolo de fé para o povo católico, sempre fizeram parte da cultura e da crença popular dos moradores locais. Na igreja matriz, além da imagem de N.S. da Conceição, possuía outras imagens todas de madeiras, que segundo os moradores tinham seu interior oco e recheado de ouro.  O que estimulou um roubo de varias peças ainda nos anos 80
A imagem da Santa Padroeira foi doada pelo CEL. FULGÊNCIO DA SILVA GUEDES,
Comandante Regional da Guarda Imperial, e foi trazida de Barreiras-BA, em lombo de “mulas” e foi acompanhada por uma comitiva, que na chegada foi recebida com grande festividade.
O fato curioso, segundo relato de Dona Selita Guedes em uma conversa há anos atrás, foi que o animal utilizado no transporte, recebeu uma espécie de alforria, isentando-o de qualquer tipo de trabalho até os últimos dias de vida.

 O Sino
    O sino da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição é feito de ferro e segundo os moradores mais velhos do local, ele foi trazido de SÃO DISIDÉRIO – BA, em lombo de mulas acompanhado de uma grande comitiva, visto que naquele tempo, o único tipo de transporte era através de animais.
   Esse símbolo ja desenvolveu e desenvolve uma função muito marcante na comunidade. Segundo educador russo VYGOSTSKY, os signos e os instrumentos exercem importante função de mediação do homem com o meio em que vive. Ha exemplo de outras cidades históricas, o sino em Conceição tem uma função comunicativa, onde quase todos os moradores sabem diferenciar suas batidas, que comunica e informa desde uma data comemorativa, notas de falecimento, missa e outros eventos.
    Ficando assim evidente seu caráter histórico e social. Como fator histórico preexiste aos indivíduos e é passível a mudanças, que se desenvolve ao longo do processo, tomando outras formas de representação. Como fator social, é de uso de todo grupo e não apenas de um indivíduo, criando assim formas culturais e sistemas simbólicos de comunicação.
Como marca da influência da cultura européia, o sino conta das seguintes inscrições em Latim, bem como as iniciais de seu fabricante: “SIGNUN CRUCIS VENITE, ADOREMOS ECDE”. FEITO POR O.D.F. EM 1880.
    Nas próximas matérias iremos abordar o aspecto político histórico, além dos eventos culturais que se manifestam em torno dessa histocia e monumental riqueza, bem como, causos e personagem de nossa querida Conceição

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