Dança
de motivação africana, o Congo é um ato popular criado por escravos, que
consistia na coroação de faz de conta de um Rei negro, escolhido dentro de uma
comunidade religiosa. Assim sendo, a irmandade de Nossa Senhora da Conceição
tinha seu rei, a de Nossa Senhora dos Remédios em Arraias tinha o seu, bem como
a irmandade de Nossa Senhora da Natividade em Natividade também.
Após a
escolha do Rei, um cortejo vestido de roupas coloridas o acompanhava pelas ruas
contando e dançando, até a porta da Igreja Matriz. Chegando ao local o Rei era
coroado com uma coroa de latão, por um oficial de justiça o qual lhe entregava
um certificado com validade de um ano. Durante esse período, ele tinha o
respeito de seus súditos negros, mediando inclusive desavenças no
relacionamento entre o grupo e com seus senhores.
Embora
seja criada por escravos no Brasil, a presença de elementos da cultura africana
é evidente. Ainda mais, quando se analisa a história da República do Congo,
onde os Reis tinham o costume de viajar pelo país com uma enorme caravana, com
pessoas de roupas coloridas, cantando e dançando e maneira exuberante.
Apesar
de seu caráter festivo, onde os donos de escravos aproveitavam para diminuir o
ímpeto de alguns inconformados, podemos retirar das congadas, de forma
analógica, outro conceito. Analisando a parte dramática onde os personagens
dialogam, podemos observar o retrato das lutas políticas da época pelo domínio
territorial na corrida pelo ouro. Na congada de Conceição, sua parte dramática
expressa as relações de poder entre as Capitanias do Pará e Maranhão, bem como
suas influências no território, onde hoje situa o Estado do Tocantins.
Fica
então uma interrogação; se cada irmandade tinha um rei, se cada rei tinha o
respeito de seus súditos, se as dramatizações continham expressões políticas da
época, não seria esse evento de faz de conta, uma estratégia política na luta
contra a escravidão? Assim como a roda de capoeira, tida como uma dança negra,
e que era uma verdadeira arma dos negros na luta contra o regime escravocrata.
Festa do Divino Espírito Santo
A festa
em homenagem ao Divino Espírito Santo, realizada anualmente no segundo domingo
do mês de julho, transforma a cidade de Conceição num festival de cores. Os
dançadores de CONGO com suas roupas coloridas, folclóricas e centenárias,
enchem as ruas com um espetáculo de cores e sons para a entrega da CORÔA ao
responsável pelo festejo do próximo ano. Os romeiros prestigiam a congada de
Conceição, com seus olhares curiosos que captam momentos de ternura, cansaço e
de pura alegria numa festa que prima pela profusão de tonalidade. O verde, o
azul, o vermelho e o branco são cores presentes nas vestimentas dos dançadores,
que se empolgam com o prazer de participar desse momento de pura magia.
Não
obstante, os tantos detalhes captados pelos romeiros e a sua grande
manifestação de fé, já podem observar certos aspectos de descaracterização da
congada, porquanto seja uma manifestação folclórica que chegou a Conceição no
séc. XIX. No transcorrer da história houve algumas transformações e perdas de
fragmentos da dramatização. A título de exemplo, hoje muitos brancos integram o
grupo de representantes, deixando de ser uma manifestação exclusiva de negros
que reverenciam a libertação dos escravos. Frise-se, não se quer com isso,
praticar qualquer discriminação, até mesmo por que as miscigenações ocorridas
no Brasil transformaram os brasileiros no povo mais completo em termos
culturais. Busca-se, na verdade, mostrar as variações ocorridas com a congada
no transcorrer do tempo. Variações como os toques de modernidade nas
vestimentas e a profunda religiosa popular que vem desde sua origem.
A coroa
é o símbolo de uma festa que resiste ao tempo, está presente em todos os
lugares em forma diferenciada. É ela que da à congada um sentido de realeza. O
santo festejado é enaltecido ao longo dos anos, como um dos responsáveis pela
libertação dos escravos, em razão do seu poder milagroso.
NOVIDADE: Evidencia-se da forma mais orgulhosa
possível, a participação de alguns conceicionenses que saíram para estudar
noutras cidades e, retornam quase que exclusivamente para abrilhantarem ainda
mais o evento. Registram-se presenças importantíssimas de autoridades como
governantes e autoridades dos mais diversos segmentos, que tem um apreço
especial pela Congada de Conceição, confirmando a importância e os valores
culturais desse evento, que a nosso ver, temos a obrigação moral de cultivar e
apurá-lo, buscando aproximá-lo da forma mais original possível.
Isto ai primo tem que sempre está divulgando a Cultura da nossa Cidade, estou sempre na torcida por tudo de bom ai.
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