6.03.2022

Colômbia e Ucrânia no contexto global

Gustavo Petro/ candidato de esquerda da Colômbia
Volodymyr Zelensky/ Presidente da Ucrancia

 
Estamos diante de um dos momentos dos mais importantes na história recente da América Latina e do mundo. As eleições para presidente na Colômbia podem, pela primeira vez, levar uma chapa de esquerda ao governo já o confronto na Ucrânia pode
deflagrar a terceira guerra mundial. 

O segundo turno confirmou o favoritismo da candidatura de Gustavo Petro/Francia Márquez, da experiência do Pacto Histórico, que merece ser acompanhada pelas forças de esquerda com olhar atento. 

No contexto global, a Colômbia tem sido usada como cabeça de ponte pelo governo dos EUA, por décadas, entre outras questões, para pressionar o governo bolivariano na Venezuela, país vizinho.

Acontecimentos violentos, provocados por grupos armados colombianos na fronteira com a Venezuela, tentam há anos atrair o governo venezuelano de Nicolás Maduro para uma guerra semelhante àquela que a Otan tem provocado na fronteira entre a Rússia e Ucrânia, descreve o site Opera Mundi.

Esta análise aponta o fato de que a fronteira entre os dois países caribenhos é uma região importante devido à biodiversidade e recursos naturais. Sabe-se também que fábricas venezuelanas em território colombiano já foram “desapropriadas”, em anos recentes, no marco dessa guerra surda e suja. 

Inclusive uma equipe do exército colombiano viaja à Europa para capacitar soldados ucranianos em técnicas de remoção de minas terrestres –, reforçando o interesse do governo dos EUA em manter a Colômbia como aliado estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Além de manter a própria guerra no Leste. 

Eleições violentas 

A violência e as atuais ameaças se elevaram na reta final de campanha. Afinal, de imediato, é a chance de enfraquecimento da extrema-direita neoliberal no continente. Derrotado o golpe pelas ruas bolivianas, e derrotado momentaneamente o macrismo na Argentina, Bolsonaro no Brasil e Ivan Duque na Colômbia são remanescentes da onda conservadora iniciada em 2015 – cujos motivos se encontram na crise das democracias representativas, na ascensão de governos de extrema-direita nos EUA e no mundo, e na própria ausência de reforço da organização popular e desgaste por parte dos chamados governos progressistas do período. 

Diante da chance de primeira vitória eleitoral da esquerda na Colômbia,  vale resgatar que, desde 2019, as lutas no país assumiram mobilizações nas ruas e a disputa institucional contra o modelo neoliberal, após 52 anos de predomínio da via político-militar, encampadas principalmente pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC) e pelo Exército de Libertação Nacional (ELN). Essa via ainda segue ocorrendo no país devido à ausência de negociação do governo Duque, das perseguições e assassinatos contra lideranças, descumprindo os acordos de paz de 2016, cujo processo de construção está bem descrito no livro “Colômbia – Movimento pela Paz, de Matheus Lobo Pismel e Rodrigo Simões Chagas”, editora Insular, 2014.

Novo momento para a esquerda 

O candidato de esquerda, o ex-guerrilheiro e senador Gustavo Petro, soma 40% dos votos em primeiro turno. Ele é candidato pela Coalizão Pacto Histórico, formado em 2021, experiência que reúne organizações de esquerda e movimentos populares, históricos e recentes. A vice de Petro é Francia Márquez, advogada negra, militante ambientalista e pelos direitos humanos, apontando o papel da resistência contra as transnacionais no campo e na mineração. 

O repórter brasileiro Leonardo Severo, integrante da Comunicasul, grupo de jornalistas progressistas, dos poucos a falar das eleições no país, aponta que os setores que integram a campanha de Petro estiveram na linha de frente dos protestos massivos de 2021. 

“Destaque para a lideranças de mulheres, senadoras, indígenas, negras, tem uma participação muito presente dos movimentos populares sociais, algo muito impactante, ao lado da participação forte da juventude”, relata, em entrevista ao Brasil de Fato Paraná. 

Entre as bandeiras apontadas por Petro está a crítica ao caráter importador e pouco industrializado da economia do país; o cumprimento dos acordos de Paz, de 2016, que trouxe as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para a sociedade civil, e o desmantelamento do crime organizado, como informa artigo de Juan Pablo Tapiro, porta-voz da organização Marcha Patriótica. 

Em entrevista para o Canal Rondó da Liberdade, Tapiro também reforça esse momento de debate programático e a compreensão das forças populares de que uma vitória do Pacto Histórico exige defesa e ao mesmo tempo pressão para o cumprimento desse programa. 

Tapiro também reforça a política de paz como uma bandeira de interesse das forças populares, para ter mais espaço para a ação política, como se tem visto desde 2019.

Extrema-direita 

O termo “uribismo”, usado para designar a atual presidência de Duque a as duas candidaturas de oposição a Petro, vem do ex-presidente Álvaro Uribe (2002 a 2010), quem teve uma política de alinhamento ao governo dos EUA. 

Juan Pablo Tapiro aponta que o uribismo responde à “Oligarquia burguesa na Colômbia, ao narcotráfico, com expressão do paramilitarismo, esses setores que controlam o Estado colombiano”, afirmou na entrevista. 

O fato novo, mas já esperado, foi a ascensão de candidatura de Rodolfo Hernández, político e empresário que se coloca como outsider de fora da política, maneja as redes sociais como o TikTok e pauta posições de extrema-direita. Ele já chegou a elogiar Hitler. 

Hernández ficou em segundo lugar ao final, com 28%, desbancou Federico Gutierrez, o nome preferido do uribismo, porém analistas avaliam que é um adversário mais difícil, porque receberá o apoio empresarial e do latifúndio colombiano, bem como, com sua fachada de outsider, pode trazer votos do centro. Em pesquisas recentes ele não apresenta margem grande de rejeição. 

Esse possível novo momento no continente, que envolveria governos de centro-esquerda no México, Argentina, somando possivelmente,Colômbia e Brasil, está carregado de desafios, numa conjuntura de guerra, de dois anos de aprofundamento da crise econômica e da pandemia, além do neofascismo consolidando base social no Chile, Argentina e Brasil.

Cabe às forças populares se manterem articuladas e organizadas, conscientes de que está em jogo a luta pelo poder e não haverá estabilidade institucional na atual conjuntura, ainda que a intervenção do governo dos EUA no continente possa apresentar limites nesse momento. As dificuldades enfrentadas até aqui pelos governos no Peru e Chile o demonstram.

Pedro Carrano

5.10.2022

Não basta só ter posição, é preciso ação. Ver, Julgar e Agir

   

Segundo o socialista francês Louis Althusser não há leituras inocentes, posto que toda interpretação de temas e fatos que cercam nossa realidade, esta inevitavelmente relacionada ao posicionamento de classe, a perspectiva político-ideológico, aos interesses materiais e aos condicionantes culturais no qual o interprete está inserido

    Contudo, como socialista convicto que sou, sou réu confesso por disseminar o pensamento e as experiências  socialistas, por acreditar que os governos progressistas alinhados a essa perspectiva foram os que mais promoveram a reparação, a afirmação e inclusão social de grande parte de nossa sociedade que sempre viveu a margem da políticas de estado, além de grupos minoritários, excluídos historicamente por um sistema neoliberal de produção capitalista, sistema este que jamais conseguirá conviver com um estado de democrático pleno.

  Pois são políticas públicas forjadas nas lutas de classe e que nasceram dos anseios de vários grupos de excluídos, elaboradas pelos partidos que mais representa o pensamento socialista e progressista deste País. Esses movimentos elegeram pessoas e criaram lideres oriundos de militâncias que lhes possibilitaram um VER a realidade mediante uma análise de conjuntura mais próxima do concreto e não apenas do teórico, um JULGAR a partir de um ponto de vista mais qualificado, considerando a política do mais amplo aspecto e dimensões diversas, além, de um AGIR com base num estado de bem estar coletivo, para todo o país e todos os segmentos sociais e não apenas para um terço da população, como antes e como se projeta para um futuro próximo.  
   Por isso, sempre procurei escrever meus sonhos e ideologias nessa linha de raciocínio e, por mais que muitos digam que as utopias são coisas do passado, sempre continuarei persistindo nesse ideal, pois acredito que sem elas não é possível uma vida social digna. 

   E ainda sim, mesmo diante das agressões gratuitas sofridas por parte daqueles que tenta criminalizar os movimentos sociais, as centrais sindicais e os  partido progressistas, sempre adotarei a máxima de Cheguevara: “prefiro morrer de pé do que viver ajoelhado”, pois minhas convicções são fortalecidas e encorajadas pelo pensamento de Maximiano Cerezo, quando ele afirma que ante a velha política, decepcionante e decadente, brota uma nova visão, disposta a ecoar o sonho da utopia eterna e renovada, a medida que os sonhos se realimentam. 

     Mesmo com o aumento do desencanto ante a política neoliberal, devemos reivindicar o direito de seguimos sonhando com uma pratica política revolucionária que abra espaço para a participação popular, isso exige, uma análise constante do impacto de tais políticas em nosso dia a dia. Principalmente, da revolução que vem sendo difundida na América Latina e, que desperta a fúria do grande capital, do qual alguns países se tornaram alvo, primeiro a Venezuela, depois Equador, seguido da Argentina e no atual momento o Brasil, em função das grandes reservas de petróleo e outras riquezas minerais, como o PRÉ-SAL e as jazidas da Venezuela, que são joia tão cobiçada. 

   Essa será uma luta constante, pois o continente sul-americano, ainda hoje, tem uma elite social tradicional, que são herdeiros dos conquistadores e colonizadores, que em sua maioria são donos dos grandes latifúndios, meios de comunicação, dentre muitos outros conglomerados, que tentam a todo custo manter a dependência neocolonialista da política imperialista norte americana, como garantia de perpetuar seus velhos e populosos privilégios. Não se importando com o investimento em ciências tecnológicas, na indústria e muito menos com o ensino, preferem continuar exportando matérias primas, principalmente produtos agrícolas e minérios, em contrapartida, continua abastecendo o mercado interno com importação de produtos industriais, com valores agregados, provenientes desses países como uma forma compensatória por tentar mantê-los no poder, a exemplo do que aconteceu na Venezuela com o apoio  antes a Capriles e depois a Juan Guaidó e aqui no Brasil,  o consórcio mídia-judiciário-mercado, que tem seus interesses hoje representados pela Extrema direita e companhia.

Doravante, nas últimas duas décadas iniciou-se uma resistência dos movimentos populares e progressistas em relação à política expansionista norte americana, principalmente, quando este propôs a criação da Área de Livre Comercio das Américas (ALCA), que teve na implantação do MERCOSUL e na ascensão de LULA ao poder seus principais obstáculos. Essa organização de massas representou o balão de ensaio para um projeto autônomo e progressista para a América Latina, que sofre um processo de sufocamento, com o posicionamento tendencioso de uma imprensa golpista, que sempre procura marginalizar e criminalizar os movimentos de bases e agora os partidos progressistas, pois esses grupos construíram políticas embrionários que vem dando origem a um novo projeto para os povos latino-americanos. 

 Nesse processo, a ascensão do ex-presidente LULA e outras lideranças latinas e caribenhas, significa um divisor de águas na resistência ao imperialismo americano, bem como uma ameaça, pois essas lideranças através de seu carisma e a implementação de políticas de reparação e afirmação social, despertou um sentimento de resistência e pertence ao povo do hemisfério sul. Não à toa, elas foram uma a uma sendo caçada, presa e correram e ainda correm risco eminente de vida. Mas toda resistência e organização dos movimentos populares de massa tem um significado não apenas emblemáticos, mas práticos, pois as duas maiores economias da América Latina foram comandadas por 13 anos por forças progressistas e socialistas e a elas seguem o pensamento deixado por Hugo Chaves na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, teve ainda tem Rafael Correia no Equador e Lula no Brasil. Porém, a direita reacionária, financiada pelo capital estrangeiro tem avançado novamente no continente.

     Todo esse movimento causa uma forte reação das forças conservadores e reacionárias, que gritam de forma raivosa e preconceituosa, acusando nossos líderes de populistas por promoverem à inclusão social e o combate à fome. Mas isso ocorre, porque as elites latino-americanas têm observado que esse revés que vinha sofrendo os Estados Unidos da América no continente sul-americano e no plano global na disputa com a China, debilitará essa classe colonialista e abrirá espaço para os movimentos sociais e governos progressistas. Portanto se você se identifica com esse movimento e se sente indignado com a imposição dessas políticas que expropria o trabalhador e explora as pessoas, seja um ativista desses movimentar fortalecendo esse projeto LULA PELA DEMOCRACIA 2022.

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