Afonsinho; Meu irmão e parceiro. |
Dia 02 de
novembro é dia de renovar os sentimentos por nossos entes queridos, além de
muita oração, pois a falta que eles fazem não pode ser maior que o amor que
sentimos e que temos que cultivar sempre. Tradicionalmente conhecido como dia
de finados, essa é uma data carregada de simbologia com visitação aos campos
santos, momento que são depositados. Assim sendo que desejar a todos um bom fim
de semana e momentos de reflexão sobre nossa existência, publicando aqui um
pequeno texto de CHICO XAVIER.
Não há
morte (Chico Xavier)
Depois que partiram do círculo carnal aqueles a quem amas, tens a impressão de que a vida perdeu a sua finalidade.
As horas ficaram vazias, enquanto uma angústia
que te dilacera e uma surda desesperação que te mina as energias se fazem a constante
dos teus momentos de demorada agonia.
Estiveram ao teu lado como bênção de Deus,
clareando o teu mundo de venturas com o lume da sua presença e não pensaste,
não te permitiste acreditar na possibilidade de que eles te pudessem preceder
na viagem de retorno.
Cessados os primeiros instantes do impacto que a
realidade te impôs, recapitulas as horas de júbilo enquanto o pranto verte
incessante, sem confortaste, como se as lágrimas carregassem ácido que te
requeima desde a fonte do sentimento à comporta dos olhos, não diminuindo a
ardência da saudade...
Ante essa situação, o futuro se te desdobra
sombrio, ameaçador, e interrogas como será possível prosseguir sem eles.
O teu coração pulsa destroçado e a tua dor moral
se transforma em punhalada física, a revolver a lâmina que te macera em largo
prazo.
Temes não suportar tão cruel sofrimento.
Conseguirás, porém, superá-lo.
Muito justas, sim, tuas saudades e sofrimentos.
Não, porém, a ponto de levar-te ao desequilíbrio,
à morte da esperança, à revolta...
Os seres a quem amas e que morreram, não se
consumiram na voragem do aniquilamento. Eles sobreviveram.
A vida seria um engodo, se se destruísse ante o
sopro desagregador da morte que passa.
A vida se manifesta, se desenvolve em infinitos
matizes e incontáveis expressões. A forma se modifica e se estrutura, se agrega
e se decompõe passando de uma para outra expressão vibratória sem que a energia
que a vitaliza dependa das circunstâncias transitórias em que se exterioriza.
Não estão, portanto, mortos, no sentido de
destruídos, os que transitaram ao teu lado e se transferiram de domicílio.
Prosseguem vivendo aqueles a quem amas. Aguarda
um pouco, enquanto, orando, a prece te luarize a alma e os envolvas no rumo por
onde seguem.
Não te imponhas mentalmente com altas doses de
mágoas, com interrogações pressionantes, arrojando na direção deles os petardos
vigorosos da tua incontida aflição.
Esforça-te por encontrar a resignação.
O amor vence, quando verdadeiro, qualquer
distância e é ponte entre abismos, encurtando caminhos.
Da mesma forma que anelas por volver a senti-los,
a falar-lhes, a ouvir-lhes, eles também o desejam.
Necessitam, porém, evoluir, quanto tu próprio.
Se te prendes a eles demoradamente ou os
encarceras no egoísmo, desejando continuar uma etapa que ora se encerrou, não
os fruirás, porque estarão na retaguarda.
Libertando-os, eles prosseguirão contigo,
preparar-te-ão o reencontro, aguardar-te-ão...
Faze-te, a teu turno, digno deles, da sua
confiança, e unge-te de amor com que enriqueças outras vidas em memória deles,
por afeição a eles.
Não penses mais em termos de "adeus" e,
sim, em expressões de "até logo mais".
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