As
folias que não tem aquele sentido profano de folguedo, brigas ou confusão, são
ainda hoje, em Conceição do Tocantins, uma prática em plena atualidade,
convivendo mesmo com o progresso que pelos últimos anos tem chegado ao
município.
Anualmente
sai duas folias, cujo objetivo é o giro de 40 dias representando o período em
que o Espírito Santo é arrecadar esmola para a festa do Divino no mês de julho.
Sai no domingo de páscoa e percorre a maior parte do município.
A
tradição manda que durante o giro, os foliões pratiquem abstinência sexual e
preparem as cantigas de rodas e catiras para serem cantadas nas casas visitadas
e onde a folia pernoita. Os temas usados são: a política e os acontecimentos
cômicos do município, sempre em tom satírico e jocoso.
Existe
o canto especial quase invariável, que são de os pedidos e agradecimento de esmola
e pedido de rancho, e da despedida e agradecimento de rancho, o canto do
cruzeiro e muitos outros.
Os
foliões, em geral de 08 a
12, por folia, incluindo o alferes que conduz a bandeira e o caixeiro incumbido
de rufar as caixas rústicas, feitas de madeira oca e pele de animal, com
requintes intercalados. Quando a tarde elas vão a Igreja Nossa Senhora da
conceição, as caixas repicando e o sino batendo, onde os foliões cantam na sua
maneira de rezar, pedindo a benção à santa saem depois seguindo o alferes até o
local do cruzeiro. Em seguida montam nos seus animais e sai para o demorado
giro, cada folia para sua direção.
Nas
casas onde param para o almoço (previamente escolhidas e avisadas), fazem o
pedido e depois agradecem, sempre em forma de cantos. Depois podem cantar rodas
e catiras, antes de prosseguirem até o local do rancho da dormida, onde é
solenemente feito o pedido para pernoitarem cantando com acompanhamento da
caixa, da viola e pandeiros. À noite, após o jantar, divertem os visitantes
cantando rodas e catiras acompanhados de instrumentos já citados e sapateados.
Ao
alvorecer os foliões são despertados pelo caixeiro ao repicar e rufar a sua
caixa.
Em cada
casa a folia é recebida pela família que no momento do canto ajoelha e é
coberta pela bandeira conduzida pelo alferes. Às vezes, o dono da casa, pede a
bandeira e percorre todas as dependências da casa, para que seja abençoado todo
o cômodo da residência.
O giro
se desenvolve nessa rotina até o dia da chegada, quando se verifica o encontro
das folias, solenidade que conta com acompanhamento da população.
Após o
canto de encontro, os alferes realizam gesticulações com as bandeiras ondulando
ao vento. Estas gesticulações são denominadas venas que culminam da saudação do
povo e a outra folia, ocasião em que os foliões de uma folia saúdam a bandeira
da outra. Em seguida vão todos para a Igreja saudar Nossa senhora da Conceição
e agradecer a proteção recebida durante o giro.
Saindo
da Igreja vão para a casa do Imperador, pessoas responsáveis pela organização
dos festejos e realização das folias, onde cantam o canto especial, destinado a
ele, ocasião em que toda sua família se deixa encobrir pela bandeira.
Após o
jantar e o canto de ação de graças, brincam até o amanhecer e depois prestam
conta ao Imperador, das esmolas recebidas, que se destina ao pagamento das
despesas da festa e ajudar a Igreja na manutenção de seus trabalhos. Depois da
missa solene, é realizado o sorteio para a escolha do Imperador do ano
seguinte, (Povoa, 1986).
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