Dança
de motivação africana, o Congo é um ato popular criado por escravos, que
consistia na coroação de faz de conta de um Rei negro, escolhido dentro de uma
comunidade religiosa. Assim sendo, a irmandade de Nossa Senhora da Conceição
tinha seu rei, a de Nossa Senhora dos Remédios em Arraias tinha o seu, bem como
a irmandade de Nossa Senhora da Natividade em Natividade também.
Após a
escolha do Rei, um cortejo vestido de roupas coloridas o acompanhava pelas ruas
contando e dançando, até a porta da Igreja Matriz. Chegando ao local o Rei era
coroado com uma coroa de latão, por um oficial de justiça o qual lhe entregava
um certificado com validade de um ano. Durante esse período, ele tinha o
respeito de seus súditos negros, mediando inclusive desavenças no
relacionamento entre o grupo e com seus senhores.
Embora
seja criado por escravos no Brasil, a presença de elementos da cultura africana
é evidente. Ainda mais, quando se analisa a história da República do Congo,
onde os Reis tinham o costume de viajar pelo país com uma enorme caravana, com
pessoas de roupas coloridas, cantando e dançando e maneira exuberante.
Apesar
de seu caráter festivo, onde os donos de escravos aproveitavam para diminuir o
ímpeto de alguns inconformados, podemos retirar das congadas, de forma
analógica, outro conceito. Analisando a parte dramática onde os personagens
dialogam, podemos observar o retrato das lutas políticas da época pelo domínio
territorial na corrida pelo ouro. Na congada de Conceição, sua parte dramática
expressa as relações de poder entre as Capitanias do Pará e Maranhão, bem como
suas influências no território, onde hoje situa o Estado do Tocantins.
Fica
então uma interrogação; se cada irmandade tinha um rei, se cada rei tinha o
respeito de seus súditos, se as dramatizações continham expressões políticas da
época, não seria esse evento de faz de conta, uma estratégia política na luta
contra a escravidão? Assim como a roda de capoeira, tida como uma dança negra,
e que era uma verdadeira arma dos negros na luta contra o regime escravocrata.
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