6.05.2013

Mercado interno é o nosso principal patrimônio


   Alguns jornais internacionais têm se dedicado recentemente a dar receitas para a economia brasileira. É óbvio que todos têm direitos de opinar e o debate é sempre bom, mas o problema é que essas publicações parecem desconhecer completamente a realidade do nosso país e o que vem sendo feito por aqui.
    Ontem, por exemplo, o espanhol El País avaliou que a tática vitoriosa do governo Lula de incentivar o consumo está esgotada, e que a nova rota a seguir é o investimento. O aumento de meio ponto nos juros seria sinal dessa nova rota, desestimulando o consumo.
   O autor da análise, Juan Árias, recomenda “investimentos pesados na educação” e segurança jurídica para que “empresas estrangeiras e locais trabalhem tranquilas para levantar a indústria do País”. E diz que é preciso também reduzir o endividamento do brasileiro.
   Ora, é uma obviedade dizer que precisamos investir em educação e infraestrutura. E é justamente o que o governo está fazendo.
   Além disso, não há inadimplência e muito menos bolhas no Brasil. O mercado interno é o nosso principal patrimônio e motor da economia.
   Também é evidente que há aumento dos investimentos e da formação bruta de capital. O que não se pode desconhecer é a crise internacional e seus efeitos no Brasil, a maior economia da América Latina, e em todos os países da região.
   Ele também não pode desconhecer as concessões de energia, petróleo e gás, as de infraestrutura e os investimentos públicos do PAC e da Minha Casa Minha Vida, a redução dos custos financeiros, tributários, de energia e logística que o governo tem buscado, sem falar na segurança jurídica e política, ao contrário do que insinua. Essa segurança está mais do que garantida, daí os mais de US$ 60 bilhões em Investimento Estrangeiro Direto em 2012 e o sucesso de leilões de petróleo e gás.

Receita equivocada



   E também é essencial lembrar que a receita usada por países desenvolvidos, de onde são  muitos desses jornais, não tem tido resultado exemplar.  Basta ver os números divulgados pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) ontem. A desigualdade sociais aumentou nesses países por causa da crise financeira.
    O número de desempregados no mundo supera os 200 milhões e deve chegar a 208 milhões em 2015. A quantidade de pobres cresceu entre 2010 e 2011 em 14 das 26 economias desenvolvidas analisadas, incluindo EUA, França, Espanha e Dinamarca.
   Nesses países, houve forte aumento do desemprego de longa duração e a deterioração das condições de trabalho.
     E, diferentemente das economias desenvolvidas, a situação da América Latina é de melhora no ano passado. No período, 57,1% da população dos países da região estava empregada, um ponto percentual a mais que em 2007, último levantamento antes da crise financeira internacional.

Financial Times


    Ainda a respeito dos jornais internacionais, recomendo a entrevista que Octavio de Barros, diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas do Bradesco, deu ao Brasil Econômico ontem.
   Ele diz discordar da análise que o Financial Times fez de que o Brasil perde oportunidades por causa de um marco regulatório confuso e que muda a todo instante. “Discordo peremptoriamente, essa é uma visão caricatural e equivocada. O Financial Times adora caricaturas, toda hora coloca um país voando na capa e depois se arrepende da bravata. Boa parte dos problemas que o Brasil enfrenta são comuns em países emergentes, como reclamações sobre licenciamento em geral e ambiental, ou ligadas a tribunais de contas”.
   
“No encontro da OCDE, ouvi palestras de ministros de vários países emergentes. Parecia que eu estava ouvindo falar do Brasil. Essas dificuldades, que achamos serem tipicamente brasileiras, estão no México, no Peru, na Colômbia, no Chile. O investimento infraestrutural tem dificuldades inerentes ao que chamo de ‘estado burocrático moderno’. São demandas da sociedade por mais controle e vigilância nas questões ambientais e financeiras que marcam os países emergentes.”


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