Ao rebater declarações contraditórias do secretário-geral da FIFA, Jérome Valcke, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou neste sábado que vai pedir ao presidente da entidade, Joseph Blatter, que retire Valcke do cargo de interlocutor com o governo do Brasil para os assuntos relacionados a Copa do Mundo de 2014.
"As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro. As declarações contradizem completamente com o que o próprio secretário falou em sua visita no dia 17 de janeiro. As informações não são verdadeiras, porque os estádios estão inclusive adiantados ao cronograma inicial da Copa", disse Rebelo, comentando declarações dadas pelo secretário-geral da Fifa.
"Diante dessas declarações, que são palavras inadequadras e inaceitáveis para qualquer tipo de relacionamento, o governo brasileiro vai enviar uma carta ao Blatter informando que não aceita mais o secretário geral, Jérome Valcke, como interlocutor. O governo brasileiro vai continuar trabalhando com a certeza que o Mundial será um sucesso", completou.
Durante entrevista coletiva concedida na manhã deste sábado (3) em um hotel de São Paulo, o ministro disse que “o governo não aceitará mais o secretário-geral como interlocutor nesses assuntos da Fifa”. Para o ministro, o governo brasileiro não pode dialogar com um interlocutor que “emite declarações descuidadas e intempestivas”.
Segundo Rebelo, a maior parte das obras dos estádios brasileiros para a Copa do Mundo está seguindo o cronograma previsto. As únicas obras que estão um pouco mais atrasadas com relação ao cronograma, de acordo com o ministro, são as dos estádios de Cuiabá, Manaus, Recife e do Rio de Janeiro. “Já as obras de mobilidade urbana, do total de 51 [obras previstas para serem realizadas], a previsão continua sendo a de entregar pelo menos 42 em 2013”.
Rebelo reforçou que não há razão para que o Brasil não receba a Copa do Mundo. “O Brasil tem hoje a infraestrutura, a logística e a capacidade de realizar um evento dessa natureza”, disse.
Em entrevista concedida sexta (2), Valcke disse que as obras para a realização do Mundial no Brasil "estão em estado crítico", chegando a dizer que os organizadores "precisavam de um pontapé na bunda" para, segundo ele, as coisas andarem.
"As coisas não estão funcionando no Brasil. Muitas coisas estão atrasadas...Acho que a prioridade do Brasil é ganhar o Mundial. Não creio que seja organizar a Copa do Mundo", afirmou.
A destemperança do número dois da Fifa acontece em seguida à anulação da votação da Lei Geral da Copa. A entidade luta para que o parlamento aprove o quanto antes alterações nas leis que regem as atividades esportivas no país, para que não tenha um suposto "prejuízo" com a realização da Copa do Mundo de futebol no país em 2014
"Não entendo porque as coisas não avançam. A construção dos estádios não está acontecendo dentro dos prazos. Por que será?", questionou Valcke. "Os organizadores precisam de um pontapé na bunda", vociferou, em contradição ao que disse em visita ao Brasil em meados de janeiro, quando elogiou o andamento das obras, principalmente em Salvador e Fortaleza.
Não é de hoje que Valcke se intromete em assuntos de competência das autoridades brasileiras. Em um último comunicado publicado no site da Fifa, o secretário insistiu em apressar a aprovação da Lei Geral da Copa.
"Sinto muito, mas as coisas não estão andando bem. Esperamos mais apoio (das autoridades brasileiras), há discussões sem fim sobre a Lei Geral da Copa. O texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", lamuriou-se.
Com ressalvas, a lei foi aprovada na última terça, mas anulada um dia depois. A nova votação acontece na próxima terça-feira.
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