6.01.2016

O SISTEMA DE COTA DENIGRE AS UNIVERSIDADES? CLARO QUE SIM



Nos dias 2 a 4 de junho acontecerá em Brasília o Seminário Nacional de Combate ao Racismo, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), como tema: Já faLEI 10.639 vezes que racismo é crime, uma referencia a Lei que determina o ensino de História e cultura Afro-Brasileira, africana e Indígena, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares. 
   Mesmo sabendo que  não é só nos estabelecimentos de ensino, oficiais e particulares, que se constrói os nossos valores, mas através da família, dos meios de comunicação, nas igrejas, na comunidade e nos espaços de convivência social. Mas achei interessante e necessário escrever sobre um tema recorrente de controvérsias, que é a LEI DE COTA no ensino publico, em especial nas universidades, por dois aspecto, o primeiro foi seu avanço para os cursas de pós e segundo pela possibilidade de retrocesso com a nova mentalidade desse governo golpista, que vai além das cotas, mas em tudo que se refere a políticas sociais de inclusão, reparação e distribuição de rendas e igualdades de oportunidades. Mas por quê as cotas denigre as universidades? vamos explicar.
   Denegrir no seu sentido literal significa obscurecer, tornar escuro, mas também quer dizer ficar mais negro, mas em sua maioria e tido como algo pejorativo, sobretudo, aqueles que trazem no seu espírito o germe do preconceito e que geralmente são contrários a essas políticas de modo geral. Esse posicionamento quase sempre vem travestido de um discurso fundado na meritocracia, que nada mais uma maneira de discriminação, exclusão, restrição referente a preferências baseada na raça, na cor, descendência ou etnia. A política contrária a esse projeto que ora se observa germinar nos seios desse novo governo provisório e golpista, tem por finalidade anular o reconhecimento e o exercício em igualdade de condições, de direitos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social  cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada.
  Nos últimos 10 anos com a implantação de Políticas de Ações Afirmativas, como o sistema de cotas , PROUNE, FIES entre outras, o público universitário mudou significativamente, isso fez com que a universidade denegrisse, ou seja, se tornou cada vez mais negra. Essa nova realidade fez com se deparasse com o desafio de pensar o ensino, a pesquisa e a extensão a partir de novos paradigmas, trazidos por estudante com perfil camuflado pelos meios de comunicação e que agora adentra ao ensino superior. a exemplo de algumas Universidades Federais que foram pioneiras no estabelecimento de Pró-reitorias responsáveis a pensar e promover políticas afirmativas. Pois em estado como a Bahia 84% dos alunos são negros, frente a 40% da média nacional, segunda a revista "AFIRMATIVA". Além disso, 50 % nas universidades federais são destinadas as cotas e 76% reservadas a população negra.
   Frente a essas mudanças a população universitária negra, vem tomando a iniciativa e o protagonismo de discutir o modelo de educação superior no Brasil, contando com o apoio de grupos como a Coordenação de Políticas Afirmativas, da Universidade do Recôncavo da Bahia (CPA/UFRB), entre outros, com a finalidade de avaliar as políticas já implementadas e as perspectivas de um modelo educacional contemplador e inclusivo.
   Denegrir as universidades se justifica pelo fato de termos os negros como maioria entre os estudantes, mais que isso, essa políticas atualiza e coloca na pauta o debate sobre a realidade dos negros para além do sistema de cotas. Precisa-se mais que uma universidade com um mote de preto, é preciso de mudanças reais na forma de construção do conhecimento, que contemple o nosso olhar para o mundo. Nesse artigo falo do ensino superior, mas que esse pensamento se estenda para todas as modalidades e níveis de ensino. Mas esse é outro assunto e, para tanto, recomendo a leitura do livro do Professor Demeval Saviani, Outros Sujeitos Outras Pedagogias, que faz a narrativa da democratização do acesso ao ensino básico as camadas populares.



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