5.23.2016

O governos progressistas, os golpes e os golpistas


Esse processo travestido de legalidade que golpeou a democracia me trouxe muitos questionamentos, então me veio à mente Albert Einstein um dos maiores gênios da humanidade, quando ele disse que “mais importante que a inteligência é a curiosidade”. Ai foi que resolvi realizar uma pesquisa preliminar pra compreender de onde c como surgiram os GOLPES e os GOLPISTAS na recente história da república brasileira. A principio descobri que eles têm três características semelhante entre si. A primeira foi que aconteceram quando se encontrava no poder governos com ampla base de apoio social, ou seja, governos populares e progressistas; a segunda característica foi à possibilidade de um circulo duradouro desses projetos de inclusão e distribuição de riquezas, com chances concretas fazerem seus sucessores; e por ultima foi a ousadia desses governos em colocar em pratica projetos ousados, que de certa forma mexeu com interesse das elites, patriarcais, elitistas e capitalistas, tendo a grande mídia familiar como porta voz. Para ilustra nosso raciocínio, vamos analisar 1954, 1964 e um pouco do que o antecedeu, finalizando com esse sofisticado movimento golpista de 2016.

Podemos dizer que o primeiro governo popular a sofrer com esse movimento foi o Getúlio, eleito em 03 de outubro de 1950. Suas ações implantadas desde 1935 até 1945, como criação da Petrobras, a aprovação da Consolidação das Leis trabalhistas (CLT), que resguarda os direitos dos trabalhadores, conhecida como carteira de trabalho, a lei que limitava a remessa dos lucros das empresas estrangeiras no país,  começaram a ser aprofundadas de forma mais radical a partir de então. Criação do BNDS, monopolização da exploração do petróleo para a Petrobras, até hoje contesta, a criação do Banco do Nordeste, além de lei que regulamentava a imprensa. Esse pode se dizer que foi a primeira tentativa de fazer com que os brasileiros tomassem posse de suas riquezas, enfrentando uma oligarquia que se submetia aos estrangeiros como forma de manter suas regalias. Começou o discurso contra a corrupção, aonde a mídia como sempre escolheu seu herói, na época o jornalista Carlos Lacerda, que fizera dura oposição a Getúlio até o levar ao suicídio.

Se é que pode afirma, a morte de Getúlio foi uma maneira, ainda que saindo de cena, impedi que seus adversários assumissem o poder, mesmo morto, o ex-presidente Vargas estava mais vivo do que nunca e sua influência foi nítida nas eleições para presidente, que veio a realizar em outubro de 1955. O candidato Juscelino Kubitschek com seu carisma e uma imensa identificação popular e com o espírito getulista, garantiu a vitória nas urnas com o vice João Goulart, em 3 de outubro de 1955, foi a resposta além túmulo do ex-presidente Vargas aos seus opositores,  incomodou profundamente à direita conservadora. Conspirações passaram a fazer parte das reuniões dos derrotados, a exemplo de hoje, com  principal objetivo de impedir que JK tomasse posse. Movidos pela avidez de tomar o poder, os golpistas promoveriam um episódio que beiraria à insanidade e ao grotesco, com vários discursos, que não vale a pena descrever, pois seria mera repetição do que assistimos em nossas TV’s na atualidade, tendo o candidato derrotado Aécio Neves (PSDB) como líder, a diferença que hoje é que a propagação do golpe teve um maior alcance.

JK estabeleceu para o seu governo um projeto chamado de “Plano e Metas”, que tinha 31 metas distribuídas em cinco grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e a meta principal era a construção de Brasília. O Plano de Metas visava estimular a diversificação e o crescimento da economia brasileira, baseado na expansão industrial e na integração de todas as regiões do Brasil, através da nova capital localizada no centro do território brasileiro, na região do Brasil Central. Mais uma vez, um presidente progressiva que tentava de outra maneira, distribuir as riquezas do país a todos os brasileiros, através da descentralização e interiorização do desenvolvimento fora do eixo Rio/São Paulo, sofre tentativas de GOLPES. Como não havia reeleição foi sucedido por Jânio Quadros, seu opositor, mas foi eleito senador por Goiás e quando preparava para voltar à presidência em 1964, fui acusado de corrupção, sempre a velha corrupção travestida de um novo curso, não teve eleição em função do GOLPE e 1964 em 1976 ele morre de acidente de carro em circunstância até hoje questionada.

Jânio sucessor de JK teve um governo  muito contraditório. A começar pelos seus apoios políticos, que representavam a elite do país, ou seja, aquela classe social que sempre foi alvo de suas críticas. Na política internacional, dizia combater o comunismo, mas chegou a condecorar um dos líderes da Revolução Socialista Cubana, Ernesto “Che” Guevara, com a Medalha Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961. Na área econômica, Jânio foi conservador, adotando à risca as medidas do FMI (Fundo Monetário Internacional), congelou salários, restringiu créditos e desvalorizou a moeda nacional, o Cruzeiro, em 100%. Porém, nenhuma destas medidas foi suficiente para acabar com a inflação alta, a partir desse cenário ele sofreu fortes pressões da elite, que mais uma vez tinha Lacerda como porta voz, agora com mandato. Como forma de manobra para ter a população ao seu favor, Jânio renúncia após sete meses de governo, porem, não conseguiu e seu vice João Goulart assumiu.

Naquela época o vice era votado independente do presidente, fato inusitado é que João Goulart, popularmente conhecido como “Jango”, vice de Jânio foi vice também de JK, tendo inclusive mais voto que esse último. Com a renúncia de Jânio quem assumiu foi o vice João Goulart, pois em plebiscito na época mais de 90% dos brasileiros fez opção pelo presidencialismo, que garantia a Jango assumir com plenos poder, após a renuncia do presidente. No momento em que Jânio entrega a presidência, Jango se encontrava na China, um país comunista, isso causou uma forte reação entre militares e ministro de Jânio, com o discurso de comunistas que come criancinhas e velhinhos, coisa do gênero. Mais na verdade a resistência ela pelo histórico revolucionário e progressista, a exemplo do aumento de 100% do salário mínimo no ultimo governo de Getúlio, quando era Ministro do Trabalho. Com isso, veio o golpe militar de 31 de março de 1964 o mais longo período de interrupção democrática pelo qual passou o Brasil durante a República. Qualificado pela história como "os anos de chumbo", o período da ditadura foi marcado pela cassação de direitos civis, censura à imprensa, repressão violenta das manifestações populares, assassinatos e torturas.

Porém, o golpe de 2016 teve características peculiares, primeiro pela sua sofisticação que envolveu parte das instituições democráticas do país, como o Ministério Público, STF, Congresso, Policia Federal, com amplo apoio de setores da mídia tradicional. Desde que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder, em 2003 como Presidente LULA e começou colocar em marcha um Projeto Nacional de distribuição de rendas e inclusão social, percebeu-se uma movimentação reacionária de setores conservadores e do capital, que sedia um pouco para ocupar espaços, mas ao mesmo tem se movimentava para agregar suas forças. As riquezas da nação passou a ser redistribuídas para os outros dois terços do país, não que os mais ricos deixassem de ganhar, mas a ocupação de espaços, até então reservada a “boa elite”, tais como universidade, shopping, aeroportos, entre outros, começou a incomodar.

 Após a derrota presidencial em 2014, a oposição não se conformou com mais 04 anos fora do poder, ainda mais com a possibilidade concreta de um vitória do Ex-presidente Lula em 2018. Então, construiu-se um discurso embasado em problemas de conjuntura internos e global, suspeita de fraude eleitoral jamais comprovada, novamente a toma a corrupção, tudo respaldado pela grande mídia e deu-se o GOLPE DE 2016. Outro diferencial do GOLPE de 2016 é marcado pelas características de quem materializa a figura do golpista, pois em outros tempos eles eram adversários declarados. Porem agora, seu principal articulador, o Vice Michel Temer, pode se dizer que ele foi golpista, traidor e conspirador. Golpista porque surrupiou o poder sem nenhum voto de uma Presidenta escolhida por mais de 54 milhões de eleitores; traidor porque foi lhe dada a função de articulador do governo, papel que ele fez ao inverso e conspirador, porque arquitetou tudo de dentro do próprio governo. Ele é um subproduto de tudo que há de podre na política.

Contudo, aqueles que forma pra rua defender esse movimento golpista, já percebeu que na verdade ele é um grande pacto para se impedir investigações, em defesa dos interesses de uma minoria rica. Com a apatia de quem foi enganado, cabe os partidos e movimentos sociais ligados à esquerda se refazer junto à população, fazendo trabalho de base, do que pensando em eleições. Porque direitos se garantem com luta e na rua e dessa maneira golpistas/fascistas não passarão.


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