5.30.2014

O sentido de ser Imperador da Folias do Divino.



Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
As folias que não tem aquele sentido profano de folguedo, brigas ou confusão, são ainda hoje, em Conceição do Tocantins, uma prática em plena atualidade, convivendo mesmo com o progresso que pelos últimos anos têm chegado ao município.
Anualmente sai duas folias, cujo objetivo é o giro de 40 dias representando o período em que o Espírito Santo pairou sobre a terra após a ressurreição de Cristo, durante esse periodo arrecadar esmola para a festa do Divino no mês de julho. Sai no domingo de páscoa e percorre a maior parte do município.
Bandeira do Divino
A tradição manda que durante o giro, os foliões pratiquem abstinência sexual e preparem as cantigas de rodas e catiras para serem cantadas nas casas visitadas e onde a folia pernoita. Os temas usados são: a política e os acontecimentos cômicos do município, sempre em tom satírico e jocoso.
Foliões de uma dor ternos da folia
Existe o canto especial quase invariável, que são de os pedidos e agradecimento de esmola e pedido de rancho, e da despedida e agradecimento de rancho, o canto do cruzeiro e muitos outros.
Os foliões, em geral de 08 a 12, por folia, incluindo o alferes que conduz a bandeira e o caixeiro incumbido de rufar as caixas rústicas, feitas de madeira oca e pele de animal, com requintes intercalados. Quando a tarde no domingo de pascoa  elas vão a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, as caixas repicando e o sino batendo, onde os foliões cantam na sua maneira de rezar, pedindo a benção à santa saem depois seguindo o alferes até o local do cruzeiro. Em seguida montam nos seus animais e sai para o demorado giro, cada folia para sua direção.

Pandeiro: instrumento sonora das folias
Nas casas onde param para o almoço (previamente escolhidas e avisadas), fazem o pedido e depois agradecem, sempre em forma de cantos. Depois podem cantar rodas e catiras, antes de prosseguirem até o próximo local do rancho da dormida, onde é solenemente feito o pedido para pernoitarem cantando com acompanhamento da caixa, da viola e pandeiros. À noite, após o jantar, divertem os visitantes cantando rodas e catiras acompanhados de instrumentos já citados e com sapateados. Ao alvorecer os foliões são despertados pelo caixeiro ao repicar e rufar a sua caixa.
Em cada casa a folia é recebida pela família que no momento do canto ajoelha e é coberta pela bandeira conduzida pelo alferes. Às vezes, o dono da casa pede a bandeira e percorre todas as dependências da casa, para que seja abençoado todo o cômodo da residência.
A caixa: instrumento sonoro das folias
O giro se desenvolve nessa rotina até o dia da chegada, quando se verifica o encontro das folias, solenidade que conta com acompanhamento da população.
Após o canto de encontro, os alferes realizam gesticulações com as bandeiras ondulando ao vento. Estas gesticulações são denominadas venas que culminam da saudação do povo e a outra folia, ocasião em que os foliões de uma folia saúdam a bandeira da outra. Em seguida vão todos para a Igreja saudar Nossa senhora da Conceição e agradecer a proteção recebida durante o giro.
Saindo da Igreja vão para a casa do Imperador, pessoa responsáveis pela organização dos festejos e realização das folias,  onde cantam o canto especial, destinado a ele, ocasião em que toda sua família se deixa encobrir pela bandeira.
Sela: Peça de montaria para o transporte
Após o jantar e o canto de ação de graças, brincam até o amanhecer e depois prestam conta ao Imperador, das esmolas recebidas, que se destina ao pagamento das despesas, para a realização da festa no mês de julho e ajudar a Igreja na manutenção de seus trabalhos. Depois da missa solene, é realizado o sorteio para a escolha do Imperador do ano seguinte.

 

                                       


Bruaca: peça pra armazenar alimentos e objetos.


                                     Festa do Divino Espírito Santo


 
Congada: tradição centenaria
A festa em homenagem ao Divino Espírito Santo, realizada anualmente no terceiro domingo do mês de julho, transforma a cidade de Conceição num festival de cores. Os dançadores de CONGO com suas roupas coloridas, folclóricas e centenárias, enchem as ruas com um espetáculo de cores e sons para a entrega da CORÔA ao responsável pelo festejo do próximo ano. Os romeiros prestigiam a congada de Conceição, com seus olhares curiosos que captam momentos de ternura, cansaço e de pura alegria numa festa que prima pela profusão de tonalidade. O verde, o azul, o vermelho e o branco são cores presentes nas vestimentas dos dançadores, que se empolgam com o prazer de participar desse momento de pura magia.
Não obstante, os tantos detalhes captados pelos romeiros e a sua grande manifestação de fé, já podem observar certos aspectos de descaracterização da congada, porquanto seja uma manifestação folclórica que chegou a Conceição no séc. XIX. No transcorrer da história houve algumas transformações e perdas de fragmentos da dramatização. A título de exemplo, hoje muitos brancos integram o grupo de representantes, deixando de ser uma manifestação exclusiva de negros que reverenciam a libertação dos escravos. Frise-se, não se quer com isso, praticar qualquer discriminação, até mesmo por que as miscigenações ocorridas no Brasil transformaram os brasileiros no povo mais completo em termos culturais. Busca-se, na verdade, mostrar as variações ocorridas com a congada no transcorrer do tempo. Variações como os toques de modernidade nas vestimentas e a profunda religiosa popular que vem desde sua origem.

A coroa é o símbolo de uma festa que resiste ao tempo, está presente em todos os lugares em forma diferenciada. É ela que da à congada um sentido de realeza. O santo festejado é enaltecido ao longo dos anos, como um dos responsáveis pela libertação dos escravos, em razão do seu poder milagroso.
 NOVIDADE: Evidencia-se da forma mais orgulhosa possível, a participação de alguns conceicionenses que saíram para estudar noutras cidades e, retornam quase que exclusivamente para abrilhantarem ainda mais o evento. Registram-se presenças importantíssimas de autoridades como governantes e autoridades dos mais diversos segmentos, que tem um apreço especial pela Congada de Conceição, confirmando a importância e os valores culturais desse evento, que a nosso ver, temos a obrigação moral de cultivar e apurá-lo, buscando aproximá-lo da forma mais original possível.



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