Macanã/Futebol |
Sapucaí/Carnaval |
Desde o momento que procurei me
inteirar de temas que vão além das aparências imediatas, percebi que o futebol
e o carnaval são uns daqueles elementos da nossa cultura que tem uma dimensão
continental, embora o Brasil seja composto por uma diversidade cultural, com
suas peculiaridades locais, que resiste ao tempo e sobrevive a tentativa de uma
aculturação em função da construção de um conceito padrão de aldeia global. Essa introdução preliminar serve
para uma pequena reflexão a respeito dos protestos que vem envolvendo a
realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Para procurarmos entender
melhor esse fenômeno, se isso for possível, penso que se faz necessário alguns
questionamentos. Se o Futebol e o Carnaval são elementos da cultura nacional,
por que as manifestações apenas contra a Copa? Qual evento gasta mais, a
realização de vários carnavais a cada um ano, ou a realização da segunda copa
do mundo no país, num período de mais de 60 anos? Qual seria a reação da
população e da imprensa, se ao assumir seu governo, a Presidenta Dilma
cancelasse a copa do mundo e as olimpíadas?
Antes de tudo quero reafirma meu
posicionamento a favor do direito sagrado das manifestações, pois não existe
democracia silenciosa, porém, com afirmou o Ex-presidente LULA, quem tem
convicção do que se reivindica não tem necessidade de esconder o rosto e, olha
que ele tem autoridade para falar, pois comandou protesto num dos períodos mais
complicado da frágil democracia brasileira, na época da ditadura,
protagonizando episódios marcantes da nossa história. Mas essas manifestações possui uma
característica interessante, pois no inicio, a imprensa apoiou
incondicionalmente os protesto, tentando inclusive pautar os temas, que a
principio tinha como alvo os aumentos dos preços das passagens de ônibus, mas
aos poucos apareceram temas como o mensalão, a lei que limitava a ação do
ministério publica em investigação, saúde, educação e etc...
Que as reivindicações, se de
maneira organizada, com uma pauta definida e com interlocutores para dialogar
com setores do governo são ações legitimas, isso é inquestionáveis. Porem o que
se viu foi uma clara tentativa de desestabilizar o governo, porque enquanto era
útil a imprensa noticiava 24 horas, inclusive com cobertura que dava ar de
legitimidade a ação de vândalos que depredavam o patrimônio público e privado.
No entanto, quando os governantes cederam à pressão do Grupo Passe Livre e a
ação dos diversos grupos difusos, passou a protestar contra a imprensa, a
atrapalhar o acesso aos jogos da Copa das Confederações, a dialogar com setores
do governo, demostrando ainda sua crença em setores da esquerda, a grande mídia
começou a criminaliza não só as manifestações, mas também, os movimentos
sociais, com defesa de leis antiterrorista que colocam todos no mesmo grupo.
Mas o futebol e o carnaval, por
que esse tratamento diferenciado? Uma das respostas está no centro do jogo de
interesse dos grandes grupos que disputa a opinião publica do país, ou melhor,
a opinião publicada. Isso mesmo, O grupo da Rede Globo que detém os direitos de
transmissão e que subsidiou para a Band, uma espécie de afiliada, tentam criar
um clima de copa no Brasil, enquanto as demais estimulam um sentimento de que
tudo falta no país, porque o governo desviou dinheiro público para a realização
da copa, sem uma cobertura isenta. A rede Globo e a Band, segue na linha tênue,
na qual tenta mostrar que dentro dos estádios está tudo bem, mas que lá fora
tudo é um fiasco, sob o risco de contaminar suas pretensões.
Tenho plena convicção de que se a
Presidente Dilma tivesse feito opção por não realizar tanto a Copa do Mundo,
quanto as Olimpíadas, a imprensa inteira a criticaria e tentaria colar o Brasil
a visão de país fraco e insegura, que não teria sido capaz de realizar dos dois
mais importantes eventos esportivos cobiçados por todas as nações, inclusive
por país mais pobre do que nós. A opinião pública, que na maioria não passa de
reflexos da agenda do que a mídia quer, ou seja, uma opinião publicada
repercutiria de forma negativa tal opção, principalmente esses 20% da população
que estão protestando contra a realização da copa. Não se ver essas mesma pessoas que se dizem protestar por mais
dinheiro para a educação, lutar pela aprovação do Plano Nacional de Educação ou
pela implantação da Lei do Piso do Magistério, muito menos pela aprovação da
lei que democratiza a internet e enfraquece o poder dos grande grupos
midiáticos, entre outros tantos projetos de áreas afins aos temas gritados nas
manifestações, que estão empacados no Congresso Nacional, por conveniência de
deputados e senadores que defendem interesses de grupos conservadores e
reacionários.
Para finalizar, tenho certeza que
o legado que a compra irá deixar para o Brasil será de grande valia,
principalmente porque não se reduz a estádio, sabemos que existem inúmeras
obras de mobilidade, das quais muitas só irão ficar prontas após a realização
dos jogos, mostrando assim, um claro compromisso não só com os turistas, mas
com as pessoas que irão permanecer no país. Outro exemplo são as obras de
infraestruturas em portos e aeroportos, estradas e ferrovias, banda larga,
entre outras. Para o governo, ao contrario do que muitos pensam,
principalmente, os grupos de direita, reacionários e conservadores, essas
manifestações faz bem para o governo da Presidenta Dilma, pois facilita a sua
base a aprovação e implantação de projetos e ações que muitas vezes são
barradas por grupos dentro de sua própria base que atende setores da elite
brasileira, a exemplo do MAIS MÉDICO, A lei que democratiza a internet no país,
a regulamentação da imprensa e tantos outros que estão por vir. Resta saber se
quando passar os jogos da Copa do Mundo essas manifestação continuarão, porque
já não serão mais de interesse de alguns setores, que como se sabe retirará da
agenda do noticiário. Que acontecem os protestos, mas que o direito a
manifestação de alguns, possam conviver com o direito de muitos de ir e vir.
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