3.06.2014

FUTEBOL E CARNAVAL É CULTURA NACIONAL: MAS POR QUE OS PROTESTOS SÓ CONTRA A COPA


Macanã/Futebol
Sapucaí/Carnaval

Desde o momento que procurei me inteirar de temas que vão além das aparências imediatas, percebi que o futebol e o carnaval são uns daqueles elementos da nossa cultura que tem uma dimensão continental, embora o Brasil seja composto por uma diversidade cultural, com suas peculiaridades locais, que resiste ao tempo e sobrevive a tentativa de uma aculturação em função da construção de um conceito padrão de aldeia global. Essa introdução preliminar serve para uma pequena reflexão a respeito dos protestos que vem envolvendo a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Para procurarmos entender melhor esse fenômeno, se isso for possível, penso que se faz necessário alguns questionamentos. Se o Futebol e o Carnaval são elementos da cultura nacional, por que as manifestações apenas contra a Copa? Qual evento gasta mais, a realização de vários carnavais a cada um ano, ou a realização da segunda copa do mundo no país, num período de mais de 60 anos? Qual seria a reação da população e da imprensa, se ao assumir seu governo, a Presidenta Dilma cancelasse a copa do mundo e as olimpíadas?
Antes de tudo quero reafirma meu posicionamento a favor do direito sagrado das manifestações, pois não existe democracia silenciosa, porém, com afirmou o Ex-presidente LULA, quem tem convicção do que se reivindica não tem necessidade de esconder o rosto e, olha que ele tem autoridade para falar, pois comandou protesto num dos períodos mais complicado da frágil democracia brasileira, na época da ditadura, protagonizando episódios marcantes da nossa história.  Mas essas manifestações possui uma característica interessante, pois no inicio, a imprensa apoiou incondicionalmente os protesto, tentando inclusive pautar os temas, que a principio tinha como alvo os aumentos dos preços das passagens de ônibus, mas aos poucos apareceram temas como o mensalão, a lei que limitava a ação do ministério publica em investigação, saúde, educação e etc...
Que as reivindicações, se de maneira organizada, com uma pauta definida e com interlocutores para dialogar com setores do governo são ações legitimas, isso é inquestionáveis. Porem o que se viu foi uma clara tentativa de desestabilizar o governo, porque enquanto era útil a imprensa noticiava 24 horas, inclusive com cobertura que dava ar de legitimidade a ação de vândalos que depredavam o patrimônio público e privado. No entanto, quando os governantes cederam à pressão do Grupo Passe Livre e a ação dos diversos grupos difusos, passou a protestar contra a imprensa, a atrapalhar o acesso aos jogos da Copa das Confederações, a dialogar com setores do governo, demostrando ainda sua crença em setores da esquerda, a grande mídia começou a criminaliza não só as manifestações, mas também, os movimentos sociais, com defesa de leis antiterrorista que colocam todos no mesmo grupo.

Mas o futebol e o carnaval, por que esse tratamento diferenciado? Uma das respostas está no centro do jogo de interesse dos grandes grupos que disputa a opinião publica do país, ou melhor, a opinião publicada. Isso mesmo, O grupo da Rede Globo que detém os direitos de transmissão e que subsidiou para a Band, uma espécie de afiliada, tentam criar um clima de copa no Brasil, enquanto as demais estimulam um sentimento de que tudo falta no país, porque o governo desviou dinheiro público para a realização da copa, sem uma cobertura isenta. A rede Globo e a Band, segue na linha tênue, na qual tenta mostrar que dentro dos estádios está tudo bem, mas que lá fora tudo é um fiasco, sob o risco de contaminar suas pretensões.
Tenho plena convicção de que se a Presidente Dilma tivesse feito opção por não realizar tanto a Copa do Mundo, quanto as Olimpíadas, a imprensa inteira a criticaria e tentaria colar o Brasil a visão de país fraco e insegura, que não teria sido capaz de realizar dos dois mais importantes eventos esportivos cobiçados por todas as nações, inclusive por país mais pobre do que nós. A opinião pública, que na maioria não passa de reflexos da agenda do que a mídia quer, ou seja, uma opinião publicada repercutiria de forma negativa tal opção, principalmente esses 20% da população que estão protestando contra a realização da copa. Não se ver essas  mesma pessoas que se dizem protestar por mais dinheiro para a educação, lutar pela aprovação do Plano Nacional de Educação ou pela implantação da Lei do Piso do Magistério, muito menos pela aprovação da lei que democratiza a internet e enfraquece o poder dos grande grupos midiáticos, entre outros tantos projetos de áreas afins aos temas gritados nas manifestações, que estão empacados no Congresso Nacional, por conveniência de deputados e senadores que defendem interesses de grupos conservadores e reacionários.
Para finalizar, tenho certeza que o legado que a compra irá deixar para o Brasil será de grande valia, principalmente porque não se reduz a estádio, sabemos que existem inúmeras obras de mobilidade, das quais muitas só irão ficar prontas após a realização dos jogos, mostrando assim, um claro compromisso não só com os turistas, mas com as pessoas que irão permanecer no país. Outro exemplo são as obras de infraestruturas em portos e aeroportos, estradas e ferrovias, banda larga, entre outras. Para o governo, ao contrario do que muitos pensam, principalmente, os grupos de direita, reacionários e conservadores, essas manifestações faz bem para o governo da Presidenta Dilma, pois facilita a sua base a aprovação e implantação de projetos e ações que muitas vezes são barradas por grupos dentro de sua própria base que atende setores da elite brasileira, a exemplo do MAIS MÉDICO, A lei que democratiza a internet no país, a regulamentação da imprensa e tantos outros que estão por vir. Resta saber se quando passar os jogos da Copa do Mundo essas manifestação continuarão, porque já não serão mais de interesse de alguns setores, que como se sabe retirará da agenda do noticiário. Que acontecem os protestos, mas que o direito a manifestação de alguns, possam conviver com o direito de muitos de ir e vir.

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