Ao
longo do pouco tempo que participo ativamente da vida politica partidária, tem
observado praticas retrogradas e muitas vezes reacionárias, tanto no que diz
respeita a modelos de gestão, quanto à atitude de pessoas. Isso me levou a
realizar uma pequena reflexão, comparando a trajetória de uma das lideranças mais
requisitadas do municipio, com a postura de novos quadros que se impõe pelo
poder financeiro, muitas vezes comprando de maneira barata os sonhos dos menos
favorecidos. Mas para dar paternidade ao pai da criança, vou esclarecer que
esse artigo sobre a trajetória política de Afonso Francisco da Silva, Ex -
prefeito, vereador por três mandatos e secretario por varias vezes no município
de Conceição do Tocantins, é uma analise feita a partir do texto do filosofo de
Rubens Alves, sobre “Política e Jardinagem”. Pois assim como ele, vejo a
politica como uma das vocações mais nobre de quem exerce a verdadeira politica
e não politicagem, de quem recebe um chamado interior e desenvolve suas ações
com amor, sem nenhum interesse material, pessoa movidas por um imediatismo
neoliberal.
Segundo
Rubens Alves a politica que nasceu na Grécia, vem de polis “cidade”, espaço que
os gregos consideravam um espaço seguro, organizado, um grande jardim, no qual
as pessoas podia se dedicar a busca da felicidade de si e do outro, sendo o
politico um jardineiro por vocação para cuidar desse jardim, assim, estaria a
serviço de toda coletividade. Os gregos não moravam no deserto e sim em
cidades, pois quem vive no deserto sonha com oásis, mas nós precisamos sonhar
com jardins.
Essa
pequena introdução é pra dizer que vejo no personagem desse artigo um
jardineiro incansável e com uma vocação nata para jardinagem, um apaixonado que
abriria mão do pequeno jardim que ele poderia plantar par si, para cuidar do grande
jardim para todos. Pois de que vale um pequeno jardim se a nossa volta estará
um imenso deserto. Por isso, tenho insistido no retorno dessa grande referencia
na articulação politica do Partido dos Trabalhadores, não apenas na cidade de
Conceição do Tocantins, mas na Região Sudeste como um todo, para que ele volte
a exercer sua vocação, principalmente, pela necessidade de transformarmos todo
o deserto no qual estamos vivendo em um belo jardim para todos.
Resguardando
a dimensão intelectual, assim como Rubens Alves, fiz a opção de exercer minha
vocação de escrever, principalmente para esse blog, mas escrever é uma vocação
bela, porem para muitos, considerada fraca. Pois, segundo o próprio Rubens
Alves, o escritor tem amor, mas não temo poder. Já o politico por vocação e não
por profissão é um poeta forte, que tem o poder de transformar poemas sobre
jardins em jardins de verdade.
Insisto
em refletir a trajetória de Afonso Francisco porque ele vive e viveu a politica
por vocação, diferente de muitos que a tem como uma profissão. Como vocação, o
político encontra a felicidade no trabalho que realiza; Já como profissional, o
prazer para o político esta no ganho que da politica se tem, o homem movido
pela vocação faz com amor e alegria as suas realizações, mas o profissional não
ama o seu trabalho, pelo contrário ama o dinheiro facil, se transformando num
gigolô da política.
Hoje
temos poucos jardineiros na politico e isso explica o grande desencanto do povo
em relação ao processo em si, em especial os jovens. Segundo Rubens os
profissionais da politica não tem visão de futuro e por isso, não pensam em
eternidade e sim em minutos e, quem pensa em minutos não tem paciência para
plantar arvore, pois elas levam muito tempo para crescer e é mais lucrativo
cortá-las e comercia-las.
Esse
grande jardineiro tem insistido que é momento de dar lugar aos mais jovens para
cuidar dos jardins, mas mesmo com vocação para jardineiros, esses jovens estão
encontrando cada vez mais dificuldade na iniciação de jardinagem, pois não se
cultiva jardins, mas uma selva de insensibilidade e indiferença ao sofrimento
daqueles que busca por belas paisagens, ou seja, condição de vida digna. Pois
nessas paisagens quem agiu não foi um jardineiro, mas lenhadores e madeireiros,
transformando-as em selvas de pedra. Talvez esteja aí a necessidade da volta de
se refletir e aprender com a história de grandes jardineiros da politica, como
tantos outros, a exemplo de Fulgêncio Guedes, Alano Azevedo e Almir Cirqueira,
para que, ao invés de desertos e jardins privados, possamos formar jovens
jardineiros que com amor e paciência voltem a plantar arvores cuja sombra sirva
para todos. Esse é meu pensamento, no qual trabalharei com afinco para
convencer aos que decidiu enveredarem por esse caminho, que busquem inspiração para
deixar um rastro de jardins e pomares por onde passarem.