De inicio quero
dizer que concordo com os Nobres Senhores Deputados Federais, que a
terceirização realmente significa a modernização das relações de trabalho.
Porque isso nos remete a idade moderna, no século VIII, época que o trabalhador
na Europa trabalhava 12 horas por dia, explora sem nenhum pudor crianças e
mulheres, sem mencionar que parte desse período o Brasil ainda vivia o regime
de escravidão, justamente o que se esta propondo agora, serviço análogo a
trabalho escravo.
Para continuar a
repercutir o estelionato eleitoral que os Deputados Federais que votaram a favor
da TERCEIRIZAÇÃO IRESTRITAS, deram em seus eleitores, procurei refletir sobre
essa Lei que representa mais um duro GOLPE nos direitos dos trabalhadores, a
exemplo do ajuste fiscal e das reformas que estão por vir, como a da Previdência
e a Trabalhista.
Vale ressaltar que
esse Projeto é de 1998, encaminhado na época de Fernando Henrique Cardoso, num
tempo em que a conjuntura política era totalmente mais favorável, com
implantação do neoliberalismo, programa de privatização entre outros fatores,
mas mesmo assim, não se consegui aprovar. Mas fica a pergunta: Por que ela
conseguiu ser aprovado agora? Simples. Temos um Congresso Nacional mais
reacionário da história ponto de vista dos direitos da minoria, mais conservador
nos aspecto político e mais neoliberal no que diz respeito ao aspecto
econômico, por isso, tem assistido um avança sobre os direitos históricos
conquistados pelos trabalhadores/as deste país.
Por isso, para
contribuir melhor na apropriação das informações pelos trabalhadores e instrumentalizá-lo
mais no enfrentamento das lutas que travaremos, o Blog VER@LUCI@NARI@S RESOLVEU publicar no aqui na integra esse artigo.
Por: Vladimir Safatle (Filosofo)
O FIM DO DESEMPREGO
Nunca na história da
República o Congresso Nacional votou uma lei tão contrária aos
interesses da maioria do povo brasileiro de forma tão sorrateira. A
terceirização irrestrita aprovada nesta semana cria uma situação geral de
achatamento dos salários e intensificação dos regimes de trabalho, isto em um
horizonte no qual, apenas neste ano, 3,6 milhões de pessoas voltarão à pobreza.
Estudos sobre o
mercado de trabalho demonstram como trabalhadores terceirizados ganham, em
média, 24% menos do que trabalhadores formais, mesmo trabalhando, em média,
três horas a mais do que os últimos. Este é o mundo que os políticos
brasileiros desejam a seus eleitores.
Nenhum deputado, ao
fazer campanha pela sua própria eleição em 2014, defendeu reforma parecida.
Ninguém prometeu a seus eleitores que os levariam ao paraíso da flexibilização
absoluta, onde as empresas poderão usar trabalhadores de forma sazonal, sem
nenhuma obrigatoriedade de contratação por até 180 dias. Ou seja, esta lei é um
puro e simples estelionato eleitoral feito só em condições de sociedade
autoritária como a brasileira atual.
Da lei aprovada
nesta semana desaparece até mesmo a obrigação da empresa contratante de
trabalho terceirizado fiscalizar se a contratada está cumprindo obrigações
trabalhistas e previdenciárias. Em um país no qual explodem casos de trabalho
escravo, este é um convite aberto à intensificação da espoliação e à
insegurança econômica.
Ao menos, ninguém
pode dizer que não entendeu a lógica da ação. Em uma situação na qual a
economia brasileira está em queda livre, retirar direitos trabalhistas e
diminuir os salários é usar a crise como chantagem para fortalecer o patronato
e seu processo de acumulação. Isto não tem nada a ver com ações que visem o
crescimento da economia. Como é possível uma economia crescer se a população
está a empobrecer e a limitar seu consumo?
Na verdade, a função
desta lei é acabar com a sociedade do emprego. Um fim do emprego feito não por
meio do fortalecimento de laços associativos de trabalhadores detentores de sua
própria produção, objetivo maior dos que procuram uma sociedade emancipada. Um
fim do emprego por meio da precarização absoluta dos trabalhos em um ambiente
no qual não há mais garantias estatais de defesa mínima das condições de vida.
O Brasil será um país no qual ninguém conseguirá se aposentar integralmente,
ninguém será contratado, ninguém irá tirar férias. O engraçado é lembrar que a
isto alguns chamam "modernização".
De fato, há sempre
aqueles dispostos à velha identificação com o agressor. Sempre há uma claque a
aplaudir as decisões mais absurdas, ainda mais quando falamos de uma parcela da
classe média que agora flerta abertamente com o fascismo. Eles dirão que a
flexibilização irrestrita aumentará a competitividade, que as pessoas
precisarão ser realmente boas no que fazem, que os inovadores e competentes
terão seu lugar ao sol. Em suma, que tudo ficará lindo se deixarmos livre a
divina mão invisível do mercado.
O detalhe é que, no
mundo dessas sumidades, não existe monopólio, não existe cartel, não existem
empresas que constroem monopólios para depois te fazer consumir carne
adulterada e cerveja de milho, não existe concentração de renda, rentismo,
pessoas que nunca precisarão de fato trabalhar por saberem que receberão
herança e patrimônio, aumento da desigualdade. Ou seja, o mundo destas pessoas
é uma peça de ficção sem nenhuma relação com a realidade.
Mas nada seria
possível se setores da imprensa não tivesse, de vez, abandonado toda ideia elementar
de jornalismo.
Por exemplo, na
semana passada o Brasil foi sacudido por enormes manifestações contra a reforma
da previdência. Em qualquer país do mundo, não haveria veículo de mídia, por
mais conservador que fosse, a não dar destaque a centenas de milhares de
pessoas nas ruas contra o governo. A não ser no Brasil, onde não foram poucos
os jornais e televisões que simplesmente agiram como se nada, absolutamente
nada, houvesse acontecido. No que eles repetem uma prática de que se serviram
nos idos de 1984, quando escondiam as mobilizações populares por Diretas Já!. O
que é uma forma muito clara de demonstrar claramente de que lado sempre
estiveram. Certamente, não estão do lado do jornalismo.
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