A cobrança de
impostos é um tema que está presente em nosso dia a dia, mas que nos causa
revolta e indignação. Conhecida como carga tributária, na prática é uma coleta
de dinheiro necessária feita pelo governo para pagar as contas de prestação de
serviços da União, Estados, distrito Federal e Municípios. Uma forma de medir o
impacto dessa coleta é compará-la com o Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a
soma das riquezas produzidas pelo país em um ano. Essa relação entre impostos e
PIB é chamada de carga tributária. No Brasil, a carga tributária gira em torno
de 35% do PIB, isso significa que os cofres públicos recebem um valor que
equivale a mais de um terço do que o país produz porem, existem países que tem
uma carga tributaria maior, a exemplo de Estados Unidos e Inglaterra, mais a
maior delas é a da Suécia com 52%, chegando a 58% em alguns casos. Então por
aqui os impostos nos causa revolta.
Antes
de responder esse questionamento, vamos fazer alguns esclarecimentos a cerca
dos tipos de arrecadação que faz parte da Carga Tributária, pois é muito comum
fazermos confusão entre o que é um imposto, uma taxa ou contribuição.
Todos eles são tributos cobrados por entes públicos (município, estado ou
união), e servem para custear toda a máquina pública. Impostos, Taxas ou
Contribuições são diferentes, mas qual o significa cada um deles.
A Taxa é um valor cobrado por conta de uma
prestação de serviços de um ente publico, seja ele municipal, federal ou
estadual. Como por exemplo: taxa para emissão de um documento, taxa de
limpeza pública ou emplacamento de veiculo; Já Contribuições estão
divididas em dois grupos: o Especial,
que é cobrada quando se destina a um determinado grupo ou atividade, como por
exemplo: INSS, PIS (Programa de Integração Social) e o de Melhoria, que é quando ocorre uma melhoria que resulte em benefício
ao contribuinte, como por exemplo quando é feito asfaltamento em uma rua, o
valor do imóvel acaba aumentando por conta desta melhoria, e isso gera a
contrapartida do cidadão pois ele teve um claro benefício; Por ultimo temos os
impostos podem ser cobrados sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITBI e etc...),
sobre a renda (IR, IRRF entre outros) ou sobre o consumo (IPI, ICMS, PIS,
COFINS, ISSQN e etc...), esses últimos servem para financiamento de serviços
universais (educação, segurança, saúde e outros).
Voltando a pergunta: se eles são
necessários, então por que somos revoltados com os impostos? Parte dessa
resposta está no fato de que esses recursos
deveriam voltar para a sociedade em forma de serviços públicos. Mas muitas
vezes os cidadãos, além de pagar impostos, pagam do bolso por serviços de
educação, saúde e segurança. Ou seja, a renda disponível para consumo é ainda
menor do que a carga tributária dá a entender. Sem mencionar a falta de
participação na gestão da aplicação desses recursos, com estânciasparticipativas
como os Conselhos Representativos.
Outro fator que causa repúdio é o fato
das cobranças serem injusto, ou seja, quem ganha menos paga proporcionalmente
mais impostos do quem ganha mais, algo complicado de compreender, porque a
mídia, o mercado financeiro e nossa elite conduzem o debate de forma deturpada,
despertando uma um sentimento raivoso e irracional, para camuflar a verdadeira
natureza da injustiça da carga tributaria nacional. Sendo essa arrecadação necessária
para custear a prestação de serviços, sobretudo os de caráter universais, para ser
justa, a carga tributária deveria ser de forma progressiva que tributa a renda,
o lucro e o patrimônio, ou seja, que tem e ganha mais da uma contrapartida
maior; porem, no Brasil é adotado o modelo regressivo, aonde se tributa o
consumo e a produção.
Uma
forma de Imposto Progressivo que poderia ser o mais justo é o Imposto de Renda
(IR), pois quanto mais você ganha, maior deveria ser a tributação, mas pra isso
o governo deveria criar mais faixas, aumentando a tributação sobre as faixas de
renda maiores. Hoje quem ganha acima de R$ 3.743,19 é tributado com os mesmos
27,5% de quem ganha R$ 100 mil. Quem ganha mais, de certa forma, acaba sendo
beneficiado, para ser progressivo, deveria criar faixas variadas. Mas no Brasil
temos uma tributação muito alta sobre o consumo. O contribuinte pago muitos
outros impostos sobre a produção e o consumo, enquanto outros países têm um
modelo diferente, que tributa a renda e o patrimônio. Por isso nós temos
alíquotas menores de IR, mas ainda assim a arrecadação tributária é grande.
Os
sistemas tributários mais adequados e justos seria aquele que deixasse a
riqueza ser produzida primeira para depois tributá-la. No Brasil, a tributação
é na fonte, na produção e no consumo, o que cria efeitos em cascata e
proporcionalmente acaba penalizando mais quem ganha menos. Os impostos
indiretos são por natureza regressivos, ou seja os mais pobres pagam
proporcionalmente mais. Vejamos um exemplo bem simples. João (pobre) pagou 600
reais por uma bicicleta. Pedro (rico) comprou uma bicicleta idêntica e pagou
também 600 reais. Suponha que 50% do valor da bicicleta (300 reais) seja
decorrente de impostos indiretos. Se João tem uma renda de 1.200 reais, ao
comprar a bicicleta, ele pagou 25% de sua renda em impostos. Se João tem uma
renda de 24.000 reais, ele gastou em impostos 1,25% de sua renda. Logicamente,
os impostos indiretos penalizam os mais pobres.
O
oposto acontece com os impostos diretos, esses penalizam os mais ricos. Suponha
um imposto sobre a renda cuja alíquota seja diretamente proporcional (cresça na
mesma direção) a essa. Se a alíquota do imposto de renda for de 5% para João,
ele pagará 60 reais (5% x 1.200) de imposto. Se a alíquota for de 10% para
Pedro, ele pagará 2.400 reais (10% x 24.000). Impostos progressivos incidem
principalmente sobre os segmentos sociais de maior renda. Em outras palavras,
os mais ricos pagam proporcionalmente mais.
Impostos
diretos e indiretos têm vantagens e desvantagens. Entre os economistas, há os
que defendem o primeiro modelo e os que defendem o segundo. Não vamos entrar
aqui nessa discussão. Um ponto negativo óbvio dos impostos indiretos é que eles
impõem maiores sacrifícios às classes sociais de menor poder aquisitivo. Em um
país marcado pela forte desigualdade de renda entre os indivíduos como o
Brasil, era de se esperar que o sistema tributário tivesse um caráter
fortemente progressivo. Mas acontece justamente o contrário. No Brasil,
predominam os impostos indiretos de caráter regressivo. Esse modelo logicamente
ajuda a reforçar ainda mais o problema da desigualdade de renda já existente ou
uma forte reação negativa aos impostos.
Para
que vocês possam ter um entendimento melhor dessa questão, vamos fazer uma
análise comparativa. No Brasil, nós temos um imposto sobre herança, ele é
chamado de ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer
Bens ou Direitos. Esse imposto é estadual e sua alíquota varia conforme o estado,
mas gira em torno de 4%. Nos Estados Unidos, também há um imposto sobre herança
e essa alíquota pode chegar, no caso de pessoas muito ricas, a 40%. Por que
vocês acham que Bill Gates disse que pretende doar 85% de sua fortuna? Porque,
se ele não fizer isso, depois de sua morte, o governo vai abocanhar apenas 40%
desse quinhão.
Outra
questão importante relacionada a esse assunto é a seguinte. Por que no ranking
das melhores universidades do mundo há tantas universidades norte-americanas?
Um dos fatores que responde a essa pergunta é que as universidades lá têm muito
dinheiro para fazer pesquisa. E esse dinheiro vem principalmente de onde? Da
mensalidade que os alunos pagam? Não, a maior parte desses recursos vem de
doações. Bem diferente do Brasil, concordam comigo? Outro ponto que defendo é a
implementação de pesados impostos sobre herança baseada no argumento de que
grandes heranças passadas de geração em geração criariam uma classe parasitária
de rentistas. Será que tenhamos que mudar nossos conceitos e aceitar que
Estados Unidos são mais socialistas que nós imaginavam? Eu compreendo isso.
Alguns supostos grandes entendedores de Economia Política (até relativamente
famosos e populares) por desconhecimento ou preconceito tendem a simplificar
muito os fatos e vender a falsa idéia de que liberalismo consiste simplesmente
em cortar impostos e reduzir o tamanho do Estado. Acho que já deu para perceber
que as coisas não são tão simples assim.
Quero
aqui esclarecer que esse estudo preliminar foi feito a partir de uma
necessidade pessoal e que, resolvi compartilho com as pessoas que acessa nosso
blog, que existem algumas frases e exemplos citados em outros estudos que não
foram colocados entre aspas.
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