Nos dias 2 a 4 de junho acontecerá em
Brasília o Seminário Nacional de Combate ao Racismo, promovido pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), como tema: Já faLEI
10.639 vezes que racismo é crime, uma referencia a Lei que determina o ensino
de História e cultura Afro-Brasileira, africana e Indígena, nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares.
Mesmo sabendo que não é
só nos estabelecimentos de ensino, oficiais e particulares, que se constrói os
nossos valores, mas através da família, dos meios de comunicação, nas igrejas,
na comunidade e nos espaços de convivência social. Mas achei interessante e
necessário escrever sobre um tema recorrente de controvérsias, que é a LEI DE
COTA no ensino publico, em especial nas universidades, por dois aspecto, o
primeiro foi seu avanço para os cursas de pós e segundo pela possibilidade de
retrocesso com a nova mentalidade desse governo golpista, que vai além das
cotas, mas em tudo que se refere a políticas sociais de inclusão, reparação e
distribuição de rendas e igualdades de oportunidades. Mas por quê as cotas
denigre as universidades? vamos explicar.
Denegrir no seu sentido
literal significa obscurecer, tornar escuro, mas também quer dizer ficar mais
negro, mas em sua maioria e tido como algo pejorativo, sobretudo, aqueles que
trazem no seu espírito o germe do preconceito e que geralmente são contrários a
essas políticas de modo geral. Esse posicionamento quase sempre vem travestido
de um discurso fundado na meritocracia, que nada mais uma maneira de
discriminação, exclusão, restrição referente a preferências baseada na raça, na
cor, descendência ou etnia. A política contrária a esse projeto que ora se
observa germinar nos seios desse novo governo provisório e golpista, tem por
finalidade anular o reconhecimento e o exercício em igualdade de condições, de
direitos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada.
Nos últimos 10 anos com a
implantação de Políticas de Ações Afirmativas, como o sistema de cotas ,
PROUNE, FIES entre outras, o público universitário mudou significativamente,
isso fez com que a universidade denegrisse, ou seja, se tornou cada vez mais
negra. Essa nova realidade fez com se deparasse com o desafio de pensar o
ensino, a pesquisa e a extensão a partir de novos paradigmas, trazidos por
estudante com perfil camuflado pelos meios de comunicação e que agora adentra
ao ensino superior. a exemplo de algumas Universidades Federais que foram
pioneiras no estabelecimento de Pró-reitorias responsáveis a pensar e promover
políticas afirmativas. Pois em estado como a Bahia 84% dos alunos são negros,
frente a 40% da média nacional, segunda a revista "AFIRMATIVA". Além
disso, 50 % nas universidades federais são destinadas as cotas e 76% reservadas
a população negra.
Frente a essas mudanças a
população universitária negra, vem tomando a iniciativa e o protagonismo de
discutir o modelo de educação superior no Brasil, contando com o apoio de
grupos como a Coordenação de Políticas Afirmativas, da Universidade do
Recôncavo da Bahia (CPA/UFRB), entre outros, com a finalidade de avaliar as
políticas já implementadas e as perspectivas de um modelo educacional
contemplador e inclusivo.
Denegrir as universidades se
justifica pelo fato de termos os negros como maioria entre os estudantes, mais
que isso, essa políticas atualiza e coloca na pauta o debate sobre a realidade
dos negros para além do sistema de cotas. Precisa-se mais que uma universidade
com um mote de preto, é preciso de mudanças reais na forma de construção do
conhecimento, que contemple o nosso olhar para o mundo. Nesse artigo falo do
ensino superior, mas que esse pensamento se estenda para todas as modalidades e
níveis de ensino. Mas esse é outro assunto e, para tanto, recomendo a leitura
do livro do Professor Demeval Saviani, Outros Sujeitos Outras Pedagogias, que
faz a narrativa da democratização do acesso ao ensino básico as camadas populares.