E o Estado Islâmico explodiu a Cidade Luz. Uma barbárie nas barbas de
uma das principais potências militares do planeta. Como são preparados
em armas, inteligência e dinheiro esses terroristas, não?!
Sei pelo menos como ele cresceu: com a devastação da Síria na guerra
civil que já matou 250 mil e fez de cidadãos a párias refugiados 11
milhões de homens, mulheres e crianças, insuflada pela aliança de
champanhes e hambúrgueres contra Bashar Al-Assad, apenas um nacionalista
árabe, que governava um país com bem-estar e em desenvolvimento, até
chegar a "coalizão" e a "oposição moderada", que nunca escondeu seu
patrocínio militar oriundo do Ocidente, atalho pelo qual o Estado
Islâmico se armou. Isso não para dizer apenas o público, reconhecido
oficialmente na imprensa, sem adentrar nas teorias de conspiração.
Há que se falar na "liberdade de deboche" e racismo do Charlie Hebdo,
que humilhou a população franco-muçulmana e semeou a adesão, ainda que
por omissão, ao caminho que levou às labaredas e chafarizes de sangue
deste 13/11 de 2015.
O Estado Islâmico aplaude o fechamento das fronteiras e a "resposta
implacável" prometida. Disso ele se alimenta. Talvez, para isso o
atentado. Talvez para mais: para girar para atrás a roda favorável às
reformas em favor dos imigrantes e refugiados, sejam do México, sejam da
Síria, que estava em curso após a fotografia de Aylan Kurdi. Roda esta
que fez a de direita Angela Merkel enfrentar a extrema-direita alemã e
Barack Obama declarar, após fazer aprovar a nova lei de imigração, que a
América fora e sempre será também construída pelos imigrantes. Coube ao
povo parisiense pagar o preço na mesma "comanda" dos refugiados da
barbárie que ocorre do outro lado do mar, que tem o dedo pusilanime do
m'sieur Hollande.
Aliás, este é um presidente francês que revela o quão dissonante a
França está da alcunha de "Berço da Humanidade". É um "líder" que se
alimenta de sangue, seja o do atentado contra o próprio Charlie Hebdo,
seja este agora, após sua popularidade ter sido dizimada quando
descumpriu tudo o que prometeu na eleição, quando prometeu políticas
sociais, de infraestrutura para retomar o crescimento, empregos e
enterrar a austeridade. Um tecnocrata academicista formado na ENA
(Escola Nacional de Administração) que não está à altura dos desafios
destas primeiras duas décadas do século XXI, onde, após apenas 400 anos
do primeiro uso de um telescópio por Galileu, período correspondente a
um segundo se a existência do Universo fosse comprimida a um dia
terrestre, está em disputa se seremos uma espécie interestelar ou
sucumbiremos na misantropia e no liberalismo econômico radical.
Neste caso específico, que o "brie" vire tempero de strogonoff e a
Europa e Oriente Medio, isto é, as suas populações, possam viver em paz.
Por Leopoldo Vieira
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/leopoldovieira/205328/Hollande-le-vampire.htm