Há alguns dias atrás um internauta nos enviou uma mensagem sugerindo que mudássemos a configuração das cores do plano de fundo do nos blog, pois as cores fortes forçavam muito as vistas. Após analisarmos a o impacto na originalidade do espaço e do seu ideal com espaço de discussões e debates de ideias socialistas e progressistas, chegamos ao entendimento que nosso leitor tem razão, pois a essência da causa esta também nas ideias e no só nas cores, embora essa traz uma simbologia significante para os movimentos de esquerdas. Agradecemos a sugestão e esperamos que a nova configuração possa aproximar daquilo que foi imaginado pelo internauta
8.21.2013
8.20.2013
BANDIDOS EXPLODEM BANCO DO BRASIL DE TAGUATINGA
Nessa madrugada de segunda pra terça (20) de agosto, bandidos explodiram a agência do do Banco do Brasil, na municipio de Taguatinga, na região Sudeste do Estado do Tocantins, que fica a 465 Km da capital Palmas.
Segundo fonte , os assaltantes ainda teriam axplodido as agenêcias do Correios e o Pelotão da Policia militar, informações ainda não confirmadas. De acordo as informações ninguem teria ficado ferido .
Esse é o terceiro assalto a agencias bancarias no municipio que esse blog apurou. Em 1999 qundo eu ainda estava nos quadros da Policia Militar, o avião que transportava dinheiro em especié foi intercepitado no aeroporto, ocasião em que o Subtenente Eduardo na epóca foi ferido e o Sargento Neto foi feito refém. No ano passado, aconteceu outro assalto que resultou numa mega operação das forças policiais do estado,que teve o Cabo PM Adenilson, um colega que formou comigo em 2003, baleado na cabeça e três bandidos mortos, que gerou imagens polêmicas postadas por PMs nas redes sociais.
Segundo fonte , os assaltantes ainda teriam axplodido as agenêcias do Correios e o Pelotão da Policia militar, informações ainda não confirmadas. De acordo as informações ninguem teria ficado ferido .
Esse é o terceiro assalto a agencias bancarias no municipio que esse blog apurou. Em 1999 qundo eu ainda estava nos quadros da Policia Militar, o avião que transportava dinheiro em especié foi intercepitado no aeroporto, ocasião em que o Subtenente Eduardo na epóca foi ferido e o Sargento Neto foi feito refém. No ano passado, aconteceu outro assalto que resultou numa mega operação das forças policiais do estado,que teve o Cabo PM Adenilson, um colega que formou comigo em 2003, baleado na cabeça e três bandidos mortos, que gerou imagens polêmicas postadas por PMs nas redes sociais.
Fotos de Sandra do site www.agitotagua.com.br
8.19.2013
Aprovação dos royalties representa "vitória histórica", diz Dilma
A aprovação pela Câmara dos Deputados do Projeto de Lei (PL) 323/07, que destina 75% dos recursos dos royalties do petróleo para investimentos em educação e 25% para a saúde, representou uma "vitória histórica", disse nesta segunda-feira (19) a presidenta Dilma Rousseff.
Ela informou que vai sancionar o texto nos
próximos dias "para garantir que os recursos comecem a chegar o quanto
antes às creches, às escolas, aos hospitais e aos postos de saúde de
todo o nosso país". A lei também destina 50% do Fundo Social para a
educação.
Ao participar, nesta segunda-feira, do programa semanal Café com a Presidenta, Dilma enfatizou a importância da educação para que o Brasil entre na economia do conhecimento, dominando as invenções científicas e as aplicações tecnológicas. Ele destacou que nenhuma nação do mundo chegou ao patamar de país desenvolvido, sem investir muito em educação e ressaltou que a aprovação do texto legal está em sintonia com a vontade da sociedade brasileira.
"Nossos senadores e deputados aperfeiçoaram e votaram a proposta que sempre defendi e que meu governo enviou ao Congresso, para que as riquezas do petróleo, que são finitas e um dia acabam, sejam investidas em educação. Ao garantir esses recursos para a educação, estamos dando um passo decisivo para realizar o compromisso com o presente e com o futuro do país e deixar um grande legado às novas gerações de brasileiros e de brasileiras", disse.
Durante o programa, a presidenta explicou que os royalties são os recursos que as empresas pagam para o governo como compensação financeira pela exploração do petróleo, em terra ou no mar. De cada barril de petróleo que as empresas tiram, entre 10% a 15% são divididos entre o governo federal, os estados e os municípios. Com a nova lei, a parte dos royalties que cabe ao governo federal será gasta na educação e na saúde, o que representa R$112 bilhões a mais para financiar os dois setores nos próximos dez anos.
"Estes R$112 bilhões são apenas os recursos decorrentes do petróleo que já foi descoberto ou que já está sendo extraído. Como nós vamos continuar a descobrir e a explorar cada vez mais, este valor pode subir na medida em que vamos abrindo novas licitações, colocando novas áreas para a exploração do petróleo", disse, lembrando que em outubro o governo vai licitar o Campo de Libra, que fica no fundo do mar, a 160 quilômetros do litoral do Rio de Janeiro. Essa camada do pré-sal foi descoberta pela Petrobras em 2006 e tem produção estimada entre 8 e 12 bilhões de barris de petróleo.
"Só o Campo de Libra contribuirá para que o saldo do Fundo esteja entre R$ 360 bilhões e R$ 736 bilhões nos próximos 35 anos", disse, ressaltando que a lei definiu a educação básica como prioritária para a aplicação dos recursos. Dilma destacou que até 2014 o governo espera construir 6 mil creches, especialmente para crianças pobres.
Ao participar, nesta segunda-feira, do programa semanal Café com a Presidenta, Dilma enfatizou a importância da educação para que o Brasil entre na economia do conhecimento, dominando as invenções científicas e as aplicações tecnológicas. Ele destacou que nenhuma nação do mundo chegou ao patamar de país desenvolvido, sem investir muito em educação e ressaltou que a aprovação do texto legal está em sintonia com a vontade da sociedade brasileira.
"Nossos senadores e deputados aperfeiçoaram e votaram a proposta que sempre defendi e que meu governo enviou ao Congresso, para que as riquezas do petróleo, que são finitas e um dia acabam, sejam investidas em educação. Ao garantir esses recursos para a educação, estamos dando um passo decisivo para realizar o compromisso com o presente e com o futuro do país e deixar um grande legado às novas gerações de brasileiros e de brasileiras", disse.
Durante o programa, a presidenta explicou que os royalties são os recursos que as empresas pagam para o governo como compensação financeira pela exploração do petróleo, em terra ou no mar. De cada barril de petróleo que as empresas tiram, entre 10% a 15% são divididos entre o governo federal, os estados e os municípios. Com a nova lei, a parte dos royalties que cabe ao governo federal será gasta na educação e na saúde, o que representa R$112 bilhões a mais para financiar os dois setores nos próximos dez anos.
"Estes R$112 bilhões são apenas os recursos decorrentes do petróleo que já foi descoberto ou que já está sendo extraído. Como nós vamos continuar a descobrir e a explorar cada vez mais, este valor pode subir na medida em que vamos abrindo novas licitações, colocando novas áreas para a exploração do petróleo", disse, lembrando que em outubro o governo vai licitar o Campo de Libra, que fica no fundo do mar, a 160 quilômetros do litoral do Rio de Janeiro. Essa camada do pré-sal foi descoberta pela Petrobras em 2006 e tem produção estimada entre 8 e 12 bilhões de barris de petróleo.
"Só o Campo de Libra contribuirá para que o saldo do Fundo esteja entre R$ 360 bilhões e R$ 736 bilhões nos próximos 35 anos", disse, ressaltando que a lei definiu a educação básica como prioritária para a aplicação dos recursos. Dilma destacou que até 2014 o governo espera construir 6 mil creches, especialmente para crianças pobres.
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=221565&id_secao=1
Mídia empenha-se de novo em desqualificar manifestações. E volta a pedir repressão
Se fizemos uma rápida cronologia, o movimento dos orgãos de imprensa foi assim: no começo, pediam repressão contra os manifestantes que diariamente promovem concentrações em diversas cidades e capitais do país há dois meses; depois abraçaram as manifestações e tentaram cooptá-las, ignorando e em alguns casos estimulando os atos violentos; agora se posicionam de novo contrariamente aos atos públicos, justificando a reviravolta como decorrência da violência que encerra os protestos.
Em outras palavras, primeiro a mídia pediu repressão e depois tentou manipular e dirigir as manifestações. Agora quer repressão de novo. Alguns articulistas já invocam a ordem e um salvador da pátria. No fim de semana, direta ou veladamente na linha imprimida ao noticiário, a mídia pedia o fim das manifestações. Articulistas, editorialistas, comentaristas no rádio e TV, todos voltaram a essa postura.
A Veja, a Folha, o Estadão (e o Globo na 6ª feira) agora defendem o fim das manifestações. Na 6ª, O Globo tinha usado a manchete para criticar os manifestantes. Agora uma entrevista da ex-senadora e presidenciável Marina Silva, com uma única declaração em que ela afirma que a violência nos atos públicos extrapola limites, virou a principal manchete da Folha de S.Paulo no domingo.
Governo deu resposta às ruas; mídia esconde o fato
Dentro da volta dessa política, há uma matéria também na Folha de S.Paulo hoje - "Voz das ruas ainda não ecoa no Planalto" - na qual vão nessa linha, a pretexto de publicarem a agenda política e administrativa da Secretaria-Geral da Presidência da República. Deixam de lado os cinco pactos propostos pelo governo da presidenta Dilma Rousseff em resposta às reivindicações das ruas e as medidas, também em resposta, aprovadas pelo Congresso Nacional.
O fato é que a mídia ficou contra o plebiscito proposto inicialmente pelo governo em resposta às manifestações. Para ela povo só protestando; decidindo não. Soberania só em palavra de ordem; já seu real exercício em um plebiscito para acabar com a corrupção via reforma politica, não. A proposta de plebiscito foi enterrada na Câmara dos Deputados com o apoio aberto da mídia. Já na página seguinte a essa matéria da "voz das ruas", a Folha dá uma materinha tipo pegadinha, sobre as viagens e acompanhantes do presidente Lula quando no governo.
Como vocês observam, o movimento de oscilação da mídia quanto às manifestações é aberto e direto. Para os jornalões, manifestações só contra o governo e o PT. Como não conseguiram converter os protestos das ruas em atos antipetistas, agora eles querem repressão de novo. Vale tudo. Volta a criminalização dos movimentos e a tentativa de desconstituição de lideranças. Sem contar a ofensiva contra o Mídia Ninja, o site que convocou os primeiros protestos e acompanha online as manifestações.
Mais um triste capítulo na história da velha mídia e de seus donos
Volta o jornalismo investigativo dirigido e os apelos ao Judiciário para punir os manifestantes. Tudo ao contrário de junho, quando os protestos se iniciaram e a mídia fechou os olhos. Foi conivente. Chegou a justificar a violência contra os partidos registrada em alguns atos e a agressão organizada pela repressão policial contra os manifestantes.
Nossa condenação feita desde a primeira hora contra violência e o vandalismo caiu no vazio. A velha mídia se limitou a separar em sua narrativa os manifestantes dos vândalos. Nada mais. E assim, com mais uma reviravolta na linha da cobertura, vive-se agora mais um triste capítulo na história da velha mídia e de seus donos.
http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=19014&Itemid=2
8.05.2013
Matriz Nossa Senhora da Conceição do Tocantins; Um pilar na história tocantinese
Matriz Nossa Senhora da Conceição
|
Escrever sobre história não é apenas falar do passado divorciado do presente, mas localizar e
analisar fatos e dados que contribuam para a formação da identidade
sócio-cultural de uma comunidade. por isso, nesse cinquenta (50) anos de emancipação politica de nossa querida conceição resolvir publicar aqui esse artigo que escrevi ha anos, que brevimente o paro
O lócus
deste trabalho é a cidade de Conceição do Tocantins, antiga Conceição do Norte.
Região povoada por volta de 1741, sendo elevada a categoria de Vila de Nossa
Senhora da Conceição em 1854, vindo conquistar sua autonomia política em 07 de
agosto de 1963, quando se desmembrou do município de Dianópolis. (Rocha, 1990,
p.145).
A
primeira habitação desta região deve sua origem ao riquíssimo garimpo de ouro
baseado no trabalho escravo. Naquele tempo Conceição possuía 70 casas, uma
capela de Nossa Senhora do Rosário e a Igreja Matriz Nossa Senhora da
Conceição, objeto de nosso estudo.
Contudo
tornou-se de grande importância administrativa regional, chegando a sediar
Comarca Judicial, Colégio Eleitoral das Cidades vizinhas, sede Regional da
Guarda Imperial, bem como sede de administração eclesiástica. Como paróquia,
aqui chegou a residir até quatro padres. (Povoa, 1986 p. 14).
Hoje
Conceição do Tocantins possui 4.17 mil, habitantes, segundo o último Censo do
IBGE. Tem como atrativo principal suas expressões culturais como o Congo, as
Folias do Divino, as festas religiosas, o artesanato local e as danças
rítmicas. Todos esses valores serão apresentados juntamente com um perfil
histórico da IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, em forma de painel.
Objetivando
fazer um estudo preliminar sobre a Igreja Matriz, com base em pesquisas
bibliográficas e entrevistas com moradores locais, procuraremos abordar alguns
de seus aspectos, como sua construção com base no trabalho escravo, sua
influência político-econômico, época em que a Igreja exercia forte domínio no
mundo, assim como sua contribuição na formação da identidade sócio-cultural do
povo conceicionense.
Embora
seja um estudo preliminar, daremos ênfase nesse último aspecto, realçando
importante legado cultural deixado pela etnia negra. Contrariando assim muitas
teorias racistas, a exemplo de SÍLVIO ROMERO, quando ele afirma: “Do consórcio
da velha população latina, bastante atrasada, bestamente infecunda, e de
selvagens africanos, estupidamente talhados para o trabalho escravo, surgiu, na
máxima parte, este povo”.
Portanto,
descentralizando nossa analise do ponto de vista europeu, observaremos neste
trabalho, um grande valor cultural. Veremos que homens e mulheres de origem
africana são excludentes, em seus corpos, em suas vozes, nas cores que usam em
suas roupas, em sua forma de mostrar afeto, até em sua forma de fazer política.
Basta ver suas diversas manifestações, contra ou a favor, eles cantam e dançam
para expressar seu agrado ou desagrado.
Durante
nossa abordagem esses elementos, ficarão explícitos, bem como, suas sutilezas
na resistência da aculturação européia, ou seja, sua maneira sábia de se
organizar contra a imposição de uma cultura dominante.
2 PERFIL POLITICO-ECONÔMICO.
2.1 Construção
Parede
lateral da igreja
Segundo
PÓVOA (1986), nos tempos de glória do riquíssimo garimpo dessa região, hoje
cidade de Conceição do Tocantins, chegaram trabalhar cerca de 10.000 (dez mil)
escravos, tanto nas minas de ouro quanto nas grandes fazendas de gado e café,
esse quantitativo chega a representar o dobro da população atual segundo o
ultimo censo.
Como
tudo que se produzia e construía naquela época, era fruto do trabalho escravo,
A CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ não foi diferente. Foram inúmeros os negros que
morreram nas escavações das minas da qual era retirado o ouro que sustentava
toda prepotência de seus senhores, aproveitando as pedras para construir uma grandiosa
igreja, para a época.
Ainda
hoje, pode se vê ao lado da igreja restos das escavações da mina, que forneceu
material para construção das paredes, que chega a medir aproximadamente 40
metros de comprimento, 7 de altura e 80 centímetros de espessura.
O fato
curioso, é que até pouco tempo, antes do calçamento ao redor da igreja, era
comum às pessoas encontrarem pequenas pepitas de ouro, do barro que escorria
das paredes com as águas das chuvas.
2.2. Imagem de Nossa Senhora da
Conceição
Essas
relíquias sempre fizeram parte da cultura e da crença popular dos moradores
locais. Na igreja matriz, além da imagem de N.S. da Conceição, possuía outras
imagens todas de madeiras, que segundo os moradores tinham seu interior oco e
recheado de ouro.
A
imagem da Santa Padroeira foi doada pelo CEL. FULGÊNCIO DA SILVA GUEDES,
Comandante
Regional da Guarda Imperial, e foi trazida de Barreiras-BA, em lombo de
“mulas”, que era sempre acompanhada por uma comitiva, que na chegada foi
recebida com grande festividade.
O fato
curioso, segundo relato de moradores da cidade, foi que o animal utilizado no
transporte, recebeu uma espécie de alforria, isentando-o de qualquer tipo de
trabalho até os últimos dias de vida.
2.3 O Sino
O sino
da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição é feito de ferro e segundo os
moradores mais velhos do local, ele foi trazido de SÃO DISIDÉRIO – BA, em lombo
de mulas acompanhado de uma grande comitiva, visto que naquele tempo, o único
tipo de transporte era através de animais.
Segundo
VYGOSTSKY, os signos e os instrumentos exercem importante função de mediação do
homem com o meio em que vive. Ha exemplo de outras cidades históricas, o sino
em Conceição tem uma função comunicativa, onde quase todos os moradores sabem
diferenciar suas batidas, que comunica e informa desde uma data comemorativa,
notas de falecimento, missa e outros eventos.
Ficando
assim evidente seu caráter histórico e social. Como fator histórico preexiste
aos indivíduos e é passível a mudanças, que se desenvolve ao longo do processo,
tomando outras formas de representação. Como fator social, é de uso de todo
grupo e não apenas de um indivíduo, criando assim formas culturais e sistemas
simbólicos de comunicação.
Como
marca da influência da cultura européia, o sino conta das seguintes inscrições
em Latim, bem como as iniciais de seu fabricante: “SIGNUN CRUCIS VENITE,
ADOREMOS ECDE”. FEITO POR O.D.F. EM 1880.
3 – INFLUÊNCIAS POLÍTICA DA IGREJA
Casarão antigo, que abrigou sede administrativa e educacional. |
Como
toda a Igreja Católica na época, a Matriz Nossa Senhora da Conceição exerceu
forte influência político-econômica e na formação sócio-cultural do povo
conceicionense, nos séculos XIX e XX.
Até bem
pouco tempo, os limites entre os municípios vizinhos como Dianópolis, Almas,
Natividade e Paranã, eram antigas demarcações feitas pela administração
paroquial. Um dos exemplos são os ofícios emitidos pelo Padre JOÃO DE DEUS
GUSMÃO ao Presidente da Província e ao Secretário do Bispado.
Essas
delimitações administrativas também limitavam a área de comércio da cada
município, mostrando assim, o poder da Igreja em geral e em especial da Igreja
Matriz Nossa Senhora da Conceição. Veja transcrição de documento que reforça
esse aspecto.
3.1 – Documento nº 1
VILA DA CONCEIÇÃO DO NORTE, 15 DE
SETEMBRO DE 1873.
Ilmoº. Revmº.sr.
”Acuso
a recepção do respeitável Ofício de V. Revmº com data de 1º de julho p.p no
qual acusa-me não existir na Secretaria documento algum que esclareça a
respeito dos limites das freguesias de Conceição de São José do Duro, a exceção
da Lei provincial de 1859, alterada pela de 1860 (?) e que diz respeito ao
Distrito de Paz.
Tenho a
honra de responder a V. Revm°. Que não havendo nesta freguesia esclarecimento
algum que diz respeito a limites antigos e tendo eu sido provido de coadjutor
desta freguesia no ano de 1843, achando-se o Vigário Geral SALVADOR ESPÍRITO
SANTO CERQUEIRA paroquiano a freguesia do Duro e sendo esta também entregue
para paroquiar como capela filial desta Matriz, paroquiei o Duro até ser
elevado a freguesia e nunca soube de seus limites antigos e da elevação só sei
destes limites que ao depois me foram determinados para paróquia pelo mesmo
Vigário Geral, que administrasse os sacramentos até a beira da serra do Duro
onde tenho administrado os sacramentos até o presente não achado esclarecimento
de limites, só sim este em rascunho velho que o dito Vigário tinha remetido ao
Exmº. Sr. Presidente da Província, o qual copiei para lhe enviar a cópia,
informando-lhe das autoridades do lugar foi o que me disseram a este respeito”.
Deus Guarda
V. Revm°.
Ilmo.
Revmº Sr. José Ira Xavier Serra Dourad
a
Secretário
do Bispado
O Pe.
João de Deus Gusmão
3.2 – Documentos nº 2
Ilmo Exmo Senhor
Em
observância do respeitável Ofício de V. Exa. De 22 de 8br° do ano p.p tenho a
honra de responder aos requisitos contidos no referido Ofício. 1° os limites
dessa freguesia são ao norte a barra do Ribeirão Moleque no Manoel Alves, por
este ribeirão acima até sua cabeceira, ao poente, desta em rumo direito a
cabeceira do ribeirão Gameleira, por esta, abaixo até sua barra com o rio
Palmas ao sul, deste ao norte rumo a direção do rio Manoel Alves, por este
abaixo até a barra do Moleque já dito. Consta-me haver quem conteste esta
divisão pelos ultimamente feita entre esta freguesia e a do Duro; eu,
desprevenido de paixões e interesses, reflito que nenhum prejuízo ou
inconveniente resulta aos habitantes daquela freguesia, essa divisão pelos
limites que se acham feitas, pois em nada diminuiu a sua população, que é muito
maior do que a desta: aquela tem um vasto território serra acima, com melhores
cômodos para plantação, criação e mesmo mineração e por isso tem aumentado
muito e continua a aumentar sua população onde só falta ordem, visto a
desmoralização em que se acha e que o resultado tem sido as freqüentes
desordens e assassinos aí perpretados; o que a eles a indispensável são as medidas
do Exmº. Governador para policiar o povo, a fim de compreenderem a ordem social
e deixarem os costumes bárbaros dos que vem para ali procurando asilo.
Este é
meu pensamento a respeito dos habitantes do Duro, principiando por ter um
professor de primeiras letras para instruir a mocidade que vive como selvagens:
seguindo depois os mais adequados meios de animar a indústria e a lavoura para
que é própria do lugar: enfim, Ilmo. Sr. Estas e outras semelhantes medidas
podem fazer a prosperidade dos habitantes do Duro e não a divisão que conteste
pois em nada os prejudique, parece ser pensamento de um só homem. 2º Existem
duas casas do SSM° Sacramento arruinada e alugada. 3° A fábrica regida pela Lei
n° 10 de 30 e junho de 1846, nada têm cobrado, senão das missas cantadas,
sepulturas e cruz (?), os rendimentos não chegam para os quizamentos e o Livro
acha-se em poder do fabriqueiro. 4° Nessa Matriz se fazem 6 (seis) festas
anuais e nenhuma tem irmandade nem
compromisso. 5° Nesta Vila há uma capela de Nossa Senhora do Rosário, arruinada
e com falta de parâmetros, com a irmandade sem compromisso e não tem bens de
raiz e as poucas alfaias que existem estão em poder do Tesouro. Existem mais
duas capelas filiais, uma de Nossa Senhora das Neves, num lugar denominado
Príncipe, com uma casa de oração antiga, sem parâmetros; outra de Nossa Senhora
do Rosário de Itaboca, também arruinada e sem parâmetros, ambas aos cuidados e
poder dos moradores. Há seis cemitérios, um antigo no sítio de Taipas, outro no
sítio Miradouro, ambos cercados de madeiras. Finalmente envio o quadro incluso dos
batizados, óbitos e casamentos dos anos de 1850 a 1860. A população
calcula-se em 2.636. Resta-lhe suplicar a V. Exa. Indulgência pela lacuna e
falta que involuntariamente tenha cometido. Deus guarda V. Exa. Conceição 26 de
fevereiro de 1.861.
3.3 – Cel. Fulgêncio da Silva Guedes:
Uma das Expressões Políticas do Município
O Cel. Fulgência
da Silva Guedes era homem de princípios rígidos, cioso de suas prerrogativas de
Oficial da Guarda Imperial, cuja patente foi assinada pelo Imperador.
“Profundamente religioso, o Cel. Fulgêncio da
Silva Guedes era zelador da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Norte, onde
eram sepultados os mortos antes da secularização dos cemitérios, em 1889. Ele
foi uma das honrosas exceções de sepultamento dentro da Igreja, após a
secularização. Numa das paredes laterais da pequena e secular igreja Matriz de
Nossa Senhora da Conceição, vê-se uma lápide com uma belíssima profissão de
fé”. (Povoa, 1986).
SUA PATENTE DE CAPITÃO ERA ASSIM
REGIDA
“D.
Pedro por graças de Deus e unânime aclamação dos Povoa, Imperador Constitucional
e Defensor perpétuo do Brasil, faço saber aos que esta minha Carta Patente
virem que hei por bem nomear Fulgêncio da Silva Guedes para Capitão Quartel
Mestre do Comando Superior da Guarda Nacional da Comarca de Palma da Província de Goiás e como tal
gozará de todas as honras, privilégios, isenções de franquias que diretamente
lhe pertencem. Pelo que mando à autoridade competente que lhe dê posse depois
de prestar o devido juramento e o deixe servir e exercitar o dito posto; aos
Oficiais superiores que o tenham e reconheçam por tal honrem e estimem e a
todos os seus subalternos que lhe obedeçam e guardem duas ordens, no que tocar
o serviço nacional e Imperial, tão fielmente como devem e são obrigados. Em
firmeza do que lhe mandei passar a presente Carta, por mim assinada, que
cumprirá como ela se contém, depois de selada com o selo grande das armas do
Império. Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em vinte e três de Dezembro de mil
oitocentos e oitenta e dois, sexagésimo primeiro da Independência o Império.
Ass. P. Imperador.
Sua
influência é tão forte, que ainda hoje, seus familiares e amigos o homenageia
colocando seu nome nos filhos de maneira integral. Dessas homenagens,
encontra-se FULGÊNCIO DA SILVA GUEDES, falecido em julho de 1999, que
participou intensamente da vida política do município, chegando a ser
vice-prefeito, vereador por varias vezes e uma das pessoas que mais lutou pela
continuidade cultural da cidade, entre elas a CONGADA, que é sua própria
essência.
4 – ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS
4.1. Congada: Centenária Tradição
Folclórica
Dança
de motivação africana, o Congo é um ato popular criado por escravos, que
consistia na coroação de faz de conta de um Rei negro, escolhido dentro de uma
comunidade religiosa. Assim sendo, a irmandade de Nossa Senhora da Conceição
tinha seu rei, a de Nossa Senhora dos Remédios em Arraias tinha o seu, bem como
a irmandade de Nossa Senhora da Natividade em Natividade também.
Após a
escolha do Rei, um cortejo vestido de roupas coloridas o acompanhava pelas ruas
contando e dançando, até a porta da Igreja Matriz. Chegando ao local o Rei era
coroado com uma coroa de latão, por um oficial de justiça o qual lhe entregava
um certificado com validade de um ano. Durante esse período, ele tinha o
respeito de seus súditos negros, mediando inclusive desavenças no
relacionamento entre o grupo e com seus senhores.
Embora
seja criada por escravos no Brasil, a presença de elementos da cultura africana
é evidente. Ainda mais, quando se analisa a história da República do Congo,
onde os Reis tinham o costume de viajar pelo país com uma enorme caravana, com
pessoas de roupas coloridas, cantando e dançando e maneira exuberante.
Apesar
de seu caráter festivo, onde os donos de escravos aproveitavam para diminuir o
ímpeto de alguns inconformados, podemos retirar das congadas, de forma
analógica, outro conceito. Analisando a parte dramática onde os personagens
dialogam, podemos observar o retrato das lutas políticas da época pelo domínio
territorial na corrida pelo ouro. Na congada de Conceição, sua parte dramática
expressa as relações de poder entre as Capitanias do Pará e Maranhão, bem como
suas influências no território, onde hoje situa o Estado do Tocantins.
Fica
então uma interrogação; se cada irmandade tinha um rei, se cada rei tinha o
respeito de seus súditos, se as dramatizações continham expressões políticas da
época, não seria esse evento de faz de conta, uma estratégia política na luta
contra a escravidão? Assim como a roda de capoeira, tida como uma dança negra,
e que era uma verdadeira arma dos negros na luta contra o regime escravocrata.
4.2 – Festa do Divino Espírito Santo
Bandeira do Divino Espirito Santo |
A festa
em homenagem ao Divino Espírito Santo, realizada anualmente no segundo domingo
do mês de julho, transforma a cidade de Conceição num festival de cores. Os
dançadores de CONGO com suas roupas coloridas, folclóricas e centenárias,
enchem as ruas com um espetáculo de cores e sons para a entrega da CORÔA ao
responsável pelo festejo do próximo ano. Os romeiros prestigiam a congada de
Conceição, com seus olhares curiosos que captam momentos de ternura, cansaço e
de pura alegria numa festa que prima pela profusão de tonalidade. O verde, o
azul, o vermelho e o branco são cores presentes nas vestimentas dos dançadores,
que se empolgam com o prazer de participar desse momento de pura magia.
Não
obstante, os tantos detalhes captados pelos romeiros e a sua grande
manifestação de fé, já podem observar certos aspectos de descaracterização da
congada, porquanto seja uma manifestação folclórica que chegou a Conceição no
séc. XIX. No transcorrer da história houve algumas transformações e perdas de
fragmentos da dramatização. A título de exemplo, hoje muitos brancos integram o
grupo de representantes, deixando de ser uma manifestação exclusiva de negros
que reverenciam a libertação dos escravos. Frise-se, não se quer com isso,
praticar qualquer discriminação, até mesmo por que as miscigenações ocorridas
no Brasil transformaram os brasileiros no povo mais completo em termos
culturais. Busca-se, na verdade, mostrar as variações ocorridas com a congada
no transcorrer do tempo. Variações como os toques de modernidade nas
vestimentas e a profunda religiosa popular que vem desde sua origem.
A coroa
é o símbolo de uma festa que resiste ao tempo, está presente em todos os
lugares em forma diferenciada. É ela que da à congada um sentido de realeza. O
santo festejado é enaltecido ao longo dos anos, como um dos responsáveis pela
libertação dos escravos, em razão do seu poder milagroso.
NOVIDADE: Evidencia-se da forma mais orgulhosa
possível, a participação de alguns conceicionenses que saíram para estudar
noutras cidades e, retornam quase que exclusivamente para abrilhantarem ainda
mais o evento. Registram-se presenças importantíssimas de autoridades como
governantes e autoridades dos mais diversos segmentos, que tem um apreço
especial pela Congada de Conceição, confirmando a importância e os valores
culturais desse evento, que a nosso ver, temos a obrigação moral de cultivar e
apurá-lo, buscando aproximá-lo da forma mais original possível.
4.3 –
Folia do Divino
As
folias que não tem aquele sentido profano de folguedo, brigas ou confusão, são
ainda hoje, em Conceição do Tocantins, uma prática em plena atualidade,
convivendo mesmo com o progresso que pelos últimos anos tem chegado ao
município.
Anualmente
sai duas folias, cujo objetivo é o giro de 40 dias representando o período em
que o Espírito Santo é arrecadar esmola para a festa do Divino no mês de julho.
Sai no domingo de páscoa e percorre a maior parte do município.
A
tradição manda que durante o giro, os foliões pratiquem abstinência sexual e
preparem as cantigas de rodas e catiras para serem cantadas nas casas visitadas
e onde a folia pernoita. Os temas usados são: a política e os acontecimentos
cômicos do município, sempre em tom satírico e jocoso.
Existe
o canto especial quase invariável, que são de os pedidos e agradecimento de
esmola e pedido de rancho, e da despedida e agradecimento de rancho, o canto do
cruzeiro e muitos outros.
Os
foliões, em geral de 08 a
12, por folia, incluindo o alferes que conduz a bandeira e o caixeiro incumbido
de rufar as caixas rústicas, feitas de madeira oca e pele de animal, com
requintes intercalados. Quando a tarde elas vão a Igreja Nossa Senhora da
conceição, as caixas repicando e o sino batendo, onde os foliões cantam na sua
maneira de rezar, pedindo a benção à santa saem depois seguindo o alferes até o
local do cruzeiro. Em seguida montam nos seus animais e sai para o demorado
giro, cada folia para sua direção.
Foliões de um dos ternos da folia |
Nas
casas onde param para o almoço (previamente escolhidas e avisadas), fazem o
pedido e depois agradecem, sempre em forma de cantos. Depois podem cantar rodas
e catiras, antes de prosseguirem até o local do rancho da dormida, onde é
solenemente feito o pedido para pernoitarem cantando com acompanhamento da
caixa, da viola e pandeiros. À noite, após o jantar, divertem os visitantes
cantando rodas e catiras acompanhados de instrumentos já citados e sapateados.
Ao
alvorecer os foliões são despertados pelo caixeiro ao repicar e rufar a sua
caixa.
Em cada
casa a folia é recebida pela família que no momento do canto ajoelha e é
coberta pela bandeira conduzida pelo alferes. Às vezes, o dono da casa, pede a
bandeira e percorre todas as dependências da casa, para que seja abençoado todo
o cômodo da residência.
O giro
se desenvolve nessa rotina até o dia da chegada, quando se verifica o encontro
das folias, solenidade que conta com acompanhamento da população.
Após o
canto de encontro, os alferes realizam gesticulações com as bandeiras ondulando
ao vento. Estas gesticulações são denominadas venas que culminam da saudação do
povo e a outra folia, ocasião em que os foliões de uma folia saúdam a bandeira
da outra. Em seguida vão todos para a Igreja saudar Nossa senhora da Conceição
e agradecer a proteção recebida durante o giro.
Saindo
da Igreja vão para a casa do Imperador, pessoas responsáveis pela organização
dos festejos e realização das folias, onde cantam o canto especial, destinado a
ele, ocasião em que toda sua família se deixa encobrir pela bandeira.
Após o
jantar e o canto de ação de graças, brincam até o amanhecer e depois prestam
conta ao Imperador, das esmolas recebidas, que se destina ao pagamento das
despesas da festa e ajudar a Igreja na manutenção de seus trabalhos. Depois da
missa solene, é realizado o sorteio para a escolha do Imperador do ano
seguinte, (Povoa, 1986).
Chapeu de couro usado pelos foliões |
Pandeiro: instrumento sonora das folias |
Sela: Montaria dos foliões em aninais. |
7.30.2013
A classe médica à brasileira
Stânio de Sousa Vieira – Sociólogo e Historiador |
Estamos acompanhando as manifestações da classe médica brasileira
contra a vinda dos médicos estrangeiros e contra a mudança, na proposta
do Governo Federal, que busca alterar a grade curricular dos cursos de
medicina para determinar que os estudantes trabalhem por dois anos em hospitais e nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), no final do curso de medicina.
Como adepto da democracia, compreendo as reivindicações da classe médica, mas entendo que tenho o direito de discordar, até porque analiso essas reivindicações como um tanto sem nexo, sobretudo do ponto de vista ético e moral.
Há cerca de três semanas atrás as manifestações espalhadas pelas ruas brasileiras tinham como uma das pautas principais a melhoria da saúde pública. Aliás, muitos desses manifestantes eram jovens médicos que também exigiam uma saúde pública de qualidade! No entanto, quando o governo federal encaminhou, por meio de medida provisória, o programa “Mais Médicos”, que tem o objetivo de aumentar o número dos médicos atuantes na rede pública de saúde em regiões carentes, e permite a vinda de profissionais estrangeiros (ou de brasileiros) observamos um posicionamento majoritário de negativas ao programa.
As acusações contrárias, majoritariamente, eram a respeito do médico estrangeiro e ao atendimento de dois anos no final do curso em hospitais e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). A partir dessa realidade comecei a analisar os discursos da classe médica sobre esses dois questionamentos, e cheguei à conclusão de que o posicionamento tinha o alcance de xenofobia e de preconceito de classe.
Por quê? Vejamos: no primeiro caso, dos médicos estrangeiros, o foco era desqualificar os médicos estrangeiros como incompetentes. Então pensei, deve ser uma questão ufanista. No entanto, os discursos foram aprofundados e sintetizaram a lógica: “somos contra os médicos estrangeiros, pois a medicina cubana, boliviana ou venezuelana não tem o mesmo gabarito da brasileira”, ou seja, não são contra os estrangeiros, mas contra alguns estrangeiros, no caso, os desses países citados. Ora, o edital do programa “Mais Médicos” é aberto para todos os estrangeiros, mas a moral da história é que esses países são pobres econômica e politicamente e divergem da lógica do capital: daí os bastidores da discórdia.
Esses mesmos médicos não citam, por exemplo, que vários médicos britânicos e suecos são adeptos da medicina preventiva cubana, pois esses países consideram a medicina de Cuba, na perspectiva de prevenção, como vanguarda mundial. O segundo ponto mais questionado é estudar os dois últimos anos em hospitais e serviços do SUS. O principal argumento é que esses hospitais não oferecem condições de trabalho para esses médicos exercerem a profissão de forma digna, todavia essa realidade dos problemas dos hospitais públicos não são de agora, então, por que a classe médica nunca se manifestou com passeatas nas ruas?
O outro argumento é que os salários são baixos, portanto não compensa trabalhar para o SUS. Então, se o SUS é tão ruim para os médicos por que os mesmos não socializam para a sociedade que as clínicas filiadas ao SUS recebem benefícios de redução tributária, inclusive nos medicamentos adquiridos? Por que não reivindicam, de forma unificada, o plano de cargos e salários para a carreira médica? Ora, isso fatalmente resultaria em teto salarial, algo que dificultaria os subsídios pomposos que ganham em vários municípios deste País.
Até que se prove o contrário, os médicos brasileiros que se inscreverem no programa “Mais Médicos”, para trabalharem vão receber uma contribuição de 10 mil reais e mais ajuda de custo para mudança de município. Para quem não sabe, esse salário é para o médico que nem mesmo concluiu a graduação, enquanto um professor universitário já doutor, em início de carreira não recebe nem perto desse valor! Moral da história: o que está em questão nessa situação é uma situação de classe social, pois para a maioria desses médicos trabalhar na periferia ou cidades afastadas de grandes núcleos urbanos é algo indesejado, pois a maioria reside em uma área urbana mais confortável. Não que os mesmos não possam ter o gozo do status, mas a carreira médica precisa privilegiar a vida, aliás, como juram os médicos em sua formatura! A prova é que esses médicos que trabalham nas cidades mais afastadas recebem a média de 20 mil reais, às vezes, para exercer a função médica, por dois dias da semana. No entanto, a maioria age com falta de urbanidade com os pacientes e demais funcionários. Então, é uma questão de dinheiro?
É apenas uma questão cultural, pois os médicos à brasileira são exemplos fiéis do Estado brasileiro, de formação autoritária, em que o serviço público é visto como algo pesado e chato, pois o interesse privado costuma predominar sobre o interesse coletivo. Isso é facilmente verificado em nossas elites econômicas, que imaginam o Estado para si e não para o bem comum; daí a raiz no Brasil do discurso do “sabe com quem você está falando?”, a maioria dos médicos se enquadram, infelizmente, nesta perspectiva. Poderiam seguir o exemplo dos profissionais da medicina do Reino Unido e Suécia, países cujos jovens recém-saídos das universidades de medicina precisam cumprir um período de treinamento remunerado no setor público. Detalhe: essa remuneração representa 30% que os médicos brasileiros vão receber no programa! Lá isso é necessário antes de receberem a licença para exercer a profissão. Para os britânicos, por exemplo, são obrigatórios dois anos de treinamento em hospitais públicos, após o período da universidade.
Para finalizar. Há um provérbio africano que diz: “um povo sem história é como árvore sem raiz”, pois bem, é muito importante termos conhecimento dos discursos para não cairmos em certas armadilhas ideológicas e não nos tornarmos reféns de aparências.
Como adepto da democracia, compreendo as reivindicações da classe médica, mas entendo que tenho o direito de discordar, até porque analiso essas reivindicações como um tanto sem nexo, sobretudo do ponto de vista ético e moral.
Há cerca de três semanas atrás as manifestações espalhadas pelas ruas brasileiras tinham como uma das pautas principais a melhoria da saúde pública. Aliás, muitos desses manifestantes eram jovens médicos que também exigiam uma saúde pública de qualidade! No entanto, quando o governo federal encaminhou, por meio de medida provisória, o programa “Mais Médicos”, que tem o objetivo de aumentar o número dos médicos atuantes na rede pública de saúde em regiões carentes, e permite a vinda de profissionais estrangeiros (ou de brasileiros) observamos um posicionamento majoritário de negativas ao programa.
As acusações contrárias, majoritariamente, eram a respeito do médico estrangeiro e ao atendimento de dois anos no final do curso em hospitais e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). A partir dessa realidade comecei a analisar os discursos da classe médica sobre esses dois questionamentos, e cheguei à conclusão de que o posicionamento tinha o alcance de xenofobia e de preconceito de classe.
Por quê? Vejamos: no primeiro caso, dos médicos estrangeiros, o foco era desqualificar os médicos estrangeiros como incompetentes. Então pensei, deve ser uma questão ufanista. No entanto, os discursos foram aprofundados e sintetizaram a lógica: “somos contra os médicos estrangeiros, pois a medicina cubana, boliviana ou venezuelana não tem o mesmo gabarito da brasileira”, ou seja, não são contra os estrangeiros, mas contra alguns estrangeiros, no caso, os desses países citados. Ora, o edital do programa “Mais Médicos” é aberto para todos os estrangeiros, mas a moral da história é que esses países são pobres econômica e politicamente e divergem da lógica do capital: daí os bastidores da discórdia.
Esses mesmos médicos não citam, por exemplo, que vários médicos britânicos e suecos são adeptos da medicina preventiva cubana, pois esses países consideram a medicina de Cuba, na perspectiva de prevenção, como vanguarda mundial. O segundo ponto mais questionado é estudar os dois últimos anos em hospitais e serviços do SUS. O principal argumento é que esses hospitais não oferecem condições de trabalho para esses médicos exercerem a profissão de forma digna, todavia essa realidade dos problemas dos hospitais públicos não são de agora, então, por que a classe médica nunca se manifestou com passeatas nas ruas?
O outro argumento é que os salários são baixos, portanto não compensa trabalhar para o SUS. Então, se o SUS é tão ruim para os médicos por que os mesmos não socializam para a sociedade que as clínicas filiadas ao SUS recebem benefícios de redução tributária, inclusive nos medicamentos adquiridos? Por que não reivindicam, de forma unificada, o plano de cargos e salários para a carreira médica? Ora, isso fatalmente resultaria em teto salarial, algo que dificultaria os subsídios pomposos que ganham em vários municípios deste País.
Até que se prove o contrário, os médicos brasileiros que se inscreverem no programa “Mais Médicos”, para trabalharem vão receber uma contribuição de 10 mil reais e mais ajuda de custo para mudança de município. Para quem não sabe, esse salário é para o médico que nem mesmo concluiu a graduação, enquanto um professor universitário já doutor, em início de carreira não recebe nem perto desse valor! Moral da história: o que está em questão nessa situação é uma situação de classe social, pois para a maioria desses médicos trabalhar na periferia ou cidades afastadas de grandes núcleos urbanos é algo indesejado, pois a maioria reside em uma área urbana mais confortável. Não que os mesmos não possam ter o gozo do status, mas a carreira médica precisa privilegiar a vida, aliás, como juram os médicos em sua formatura! A prova é que esses médicos que trabalham nas cidades mais afastadas recebem a média de 20 mil reais, às vezes, para exercer a função médica, por dois dias da semana. No entanto, a maioria age com falta de urbanidade com os pacientes e demais funcionários. Então, é uma questão de dinheiro?
É apenas uma questão cultural, pois os médicos à brasileira são exemplos fiéis do Estado brasileiro, de formação autoritária, em que o serviço público é visto como algo pesado e chato, pois o interesse privado costuma predominar sobre o interesse coletivo. Isso é facilmente verificado em nossas elites econômicas, que imaginam o Estado para si e não para o bem comum; daí a raiz no Brasil do discurso do “sabe com quem você está falando?”, a maioria dos médicos se enquadram, infelizmente, nesta perspectiva. Poderiam seguir o exemplo dos profissionais da medicina do Reino Unido e Suécia, países cujos jovens recém-saídos das universidades de medicina precisam cumprir um período de treinamento remunerado no setor público. Detalhe: essa remuneração representa 30% que os médicos brasileiros vão receber no programa! Lá isso é necessário antes de receberem a licença para exercer a profissão. Para os britânicos, por exemplo, são obrigatórios dois anos de treinamento em hospitais públicos, após o período da universidade.
Para finalizar. Há um provérbio africano que diz: “um povo sem história é como árvore sem raiz”, pois bem, é muito importante termos conhecimento dos discursos para não cairmos em certas armadilhas ideológicas e não nos tornarmos reféns de aparências.
PT PREPARA O PROGRAMA CARAVANA DA ESPERANÇA TO
A direção estadual do
partido dos trabalhadores esteve reunida na noite desta terça-feira, 23, para
finalizar os preparativos da caravana que vai percorrer o Estado para dialogar
com a população que vive nos 139 municípios, conhecer a realidade local e
propor soluções em parceria com a comunidade.
O Presidente Estadual
do PT, Donizeti Nogueira, destacou que “esta caravana é importante para
proporcionar aos dirigentes e companheiros que vão participar como candidatos
do pleito em 2014, conhecer as necessidades e potencialidades de cada região, construindo
um projeto popular e democrático por meio do diálogo com o povo”.
Na ocasião o Secretário
Municipal de Saúde de Palmas, Nicolau Esteves, ressaltou que o Tocantins é um
Estado com muitas potencialidades que precisam ser mais bem desenvolvidas “esta
caravana vai permitir o contato direto com a população e estimular o debate e o
consenso na construção de um projeto de gestão e desenvolvimento para o
Tocantins”.
Uma nova reunião deve
ser organizada pela direção estadual do PT ainda em agosto deste ano para
aprovar a metodologia da caravana, e também, preparar o lançamento desta
atividade política.
Participaram da reunião
o prefeito de Colinas José Santana, o prefeito de Aliança do Tocantins José
Rodrigues, o prefeito de Esperantina Albertino Sousa, o presidente da Câmara
Municipal de Gurupi vereador Cabo Carlos, representantes de sindicatos e
movimentos sociais.
7.16.2013
Lula no NY Times: uma mensagem aos jovens
Seria
mais fácil explicar esses protestos quando ocorrem em países
não-democráticos, como no Egito e na Tunísia em 2011, ou em países onde a
crise econômica aumentou o número de jovens e trabalhadores
desempregados a níveis assustadores, como na Espanha e na Grécia, do que
quando surgem em países com governos democráticos populares – como o
Brasil, onde nos beneficiamos atualmente de uma das mais baixas taxas de
desemprego de nossa História e uma expansão sem paralelo dos direitos
econômicos e sociais.
Muitos analistas atribuem os protestos recentes a uma rejeição da política. Eu acho que é precisamente o oposto: eles apontam no sentido de ampliar o alcance da democracia e incentivar as pessoas a tomar parte mais plenamente (da democracia).
Eu só posso falar com autoridade sobre o meu país, Brasil, onde eu acho que as manifestações são em grande parte o resultado de sucessos sociais, econômicos e políticos. Na última década, o Brasil duplicou o número de estudantes universitários, muitos vindos de famílias pobres. Nós reduzimos fortemente a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes; no entanto, é perfeitamente natural que os jovens, especialmente aqueles que obtiveram o que seus pais nunca tiveram, desejem mais.
Esses jovens não viveram a repressão da ditadura militar de 1960 e 1970. Eles não viveram a inflação da década de 1980, quando a primeira coisa que fazíamos quando recebíamos o nosso contracheques era correr para o supermercado e comprar o que fosse possível, antes que os preços subissem novamente no dia seguinte. Eles se lembram muito pouco da década de 1990, quando estagnação e o desemprego deprimiam nosso país. Eles querem mais.
É compreensível que seja assim. Eles querem serviços públicos de melhor qualidade. Milhões de brasileiros, incluindo os da classe média emergente, compraram seu primeiro carro e começaram a viajar de avião. Agora, o transporte público tem que ser eficiente, para tornar a vida nas grandes cidades menos difícil.
As preocupações dos jovens não são apenas materiais. Eles querem mais acesso ao lazer e a atividades culturais. Acima de tudo, eles exigem instituições políticas mais limpas e mais transparentes, sem as distorções do sistema político e eleitoral anacrônico do Brasil, que, recentemente, se mostraram incapazes de se reformar. Não se pode negar a legitimidade dessas demandas, mesmo que seja impossível alcançá-las rapidamente. É necessário, primeiro, encontrar fundos, fixar objetivos e estabelecer prazos.
Democracia não faz acordo com o silencio. Uma sociedade democrática está sempre em fluxo, a debater e definir prioridades e desafios, em constante busca de novas conquistas. Só numa democracia um índio poderia ser eleito presidente da Bolívia, um afro-americano ser eleito presidente dos Estados Unidos. Só numa democracia, pela primeira vez, um metalúrgico e, em seguida, uma mulher poderiam ser eleitos presidente do Brasil.
A História mostra que, quando os partidos políticos são silenciados e as soluções são impostas pela força, os resultados são desastrosos: guerras, ditaduras e a perseguição das minorias. Sem partidos políticos não pode haver nenhuma democracia verdadeira. Mas as pessoas não desejam simplesmente votar a cada quatro anos. Elas querem interação diária com os governos locais e nacionais, e participar da definição de políticas públicas, oferecer opiniões sobre as decisões que as afetam no dia a dia.
Em resumo, elas querem ser ouvidas. Isso é um enorme desafio para os líderes políticos. Isso requer melhores formas de participação, através dos meios de comunicação social, no local de trabalho e nas universidades, para reforçar a interação com trabalhadores e líderes comunitários, mas, também, com os chamados setores desorganizadas, cujos desejos e necessidades não devem ser menos respeitados porque não tem organização.
Diz-se, e com razão, que a sociedade entrou na era digital e a política permaneceu analógica. Se as instituições democráticas utilizassem as novas tecnologias de comunicação como instrumento de diálogo e não, apenas, para propaganda, elas passariam a respirar ar mais fresco. E com isso estariam mais em sintonia com toda a sociedade.
Mesmo o Partido dos Trabalhadores, que eu ajudei a fundar, e que tem contribuído para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa aprofundar a renovação. Precisa recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas, e fazer as duas coisas sem tratar os jovens paternalisticamente.
A boa notícia é que os jovens não são conformistas, apáticos ou indiferentes à vida pública. Mesmo aqueles que pensam odiar a política estão começando a participar. Quando eu tinha a idade deles, eu nunca imaginei que iria me tornar um militante político. No entanto, criamos um partido político quando descobrimos que o Congresso Nacional praticamente não tinha representantes da classe trabalhadora. Através da política conseguimos restaurar a democracia, consolidar a estabilidade econômica e criar milhões de empregos.
Claramente ainda há muito a fazer. É uma boa notícia que os nossos os jovens queiram lutar para que a mudança social siga em um ritmo mais intenso.
A outra boa notícia é que o presidenta Dilma Rousseff propôs um plebiscito para promover as reformas políticas tão necessárias. Ela também propôs um compromisso nacional para a Educação, a Saúde e o Transporte Público, em que o Governo Federal dará apoio financeiro e técnico substancial a Estados e Municípios.
Quando falo com jovens líderes no Brasil e em outros lugares eu gosto de dizer: mesmo se você perder a esperança em tudo e em todos, não dê as costas à Política. Participe! Se você não encontrar nos outros o político que você procura, você pode encontrá-lo ou encontrá-la em você mesmo.
Luis Inácio Lula da Silva foi presidente do Brasil e agora trabalha em iniciativas globais, no Instituto Lula.
Muitos analistas atribuem os protestos recentes a uma rejeição da política. Eu acho que é precisamente o oposto: eles apontam no sentido de ampliar o alcance da democracia e incentivar as pessoas a tomar parte mais plenamente (da democracia).
Eu só posso falar com autoridade sobre o meu país, Brasil, onde eu acho que as manifestações são em grande parte o resultado de sucessos sociais, econômicos e políticos. Na última década, o Brasil duplicou o número de estudantes universitários, muitos vindos de famílias pobres. Nós reduzimos fortemente a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes; no entanto, é perfeitamente natural que os jovens, especialmente aqueles que obtiveram o que seus pais nunca tiveram, desejem mais.
Esses jovens não viveram a repressão da ditadura militar de 1960 e 1970. Eles não viveram a inflação da década de 1980, quando a primeira coisa que fazíamos quando recebíamos o nosso contracheques era correr para o supermercado e comprar o que fosse possível, antes que os preços subissem novamente no dia seguinte. Eles se lembram muito pouco da década de 1990, quando estagnação e o desemprego deprimiam nosso país. Eles querem mais.
É compreensível que seja assim. Eles querem serviços públicos de melhor qualidade. Milhões de brasileiros, incluindo os da classe média emergente, compraram seu primeiro carro e começaram a viajar de avião. Agora, o transporte público tem que ser eficiente, para tornar a vida nas grandes cidades menos difícil.
As preocupações dos jovens não são apenas materiais. Eles querem mais acesso ao lazer e a atividades culturais. Acima de tudo, eles exigem instituições políticas mais limpas e mais transparentes, sem as distorções do sistema político e eleitoral anacrônico do Brasil, que, recentemente, se mostraram incapazes de se reformar. Não se pode negar a legitimidade dessas demandas, mesmo que seja impossível alcançá-las rapidamente. É necessário, primeiro, encontrar fundos, fixar objetivos e estabelecer prazos.
Democracia não faz acordo com o silencio. Uma sociedade democrática está sempre em fluxo, a debater e definir prioridades e desafios, em constante busca de novas conquistas. Só numa democracia um índio poderia ser eleito presidente da Bolívia, um afro-americano ser eleito presidente dos Estados Unidos. Só numa democracia, pela primeira vez, um metalúrgico e, em seguida, uma mulher poderiam ser eleitos presidente do Brasil.
A História mostra que, quando os partidos políticos são silenciados e as soluções são impostas pela força, os resultados são desastrosos: guerras, ditaduras e a perseguição das minorias. Sem partidos políticos não pode haver nenhuma democracia verdadeira. Mas as pessoas não desejam simplesmente votar a cada quatro anos. Elas querem interação diária com os governos locais e nacionais, e participar da definição de políticas públicas, oferecer opiniões sobre as decisões que as afetam no dia a dia.
Em resumo, elas querem ser ouvidas. Isso é um enorme desafio para os líderes políticos. Isso requer melhores formas de participação, através dos meios de comunicação social, no local de trabalho e nas universidades, para reforçar a interação com trabalhadores e líderes comunitários, mas, também, com os chamados setores desorganizadas, cujos desejos e necessidades não devem ser menos respeitados porque não tem organização.
Diz-se, e com razão, que a sociedade entrou na era digital e a política permaneceu analógica. Se as instituições democráticas utilizassem as novas tecnologias de comunicação como instrumento de diálogo e não, apenas, para propaganda, elas passariam a respirar ar mais fresco. E com isso estariam mais em sintonia com toda a sociedade.
Mesmo o Partido dos Trabalhadores, que eu ajudei a fundar, e que tem contribuído para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa aprofundar a renovação. Precisa recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas, e fazer as duas coisas sem tratar os jovens paternalisticamente.
A boa notícia é que os jovens não são conformistas, apáticos ou indiferentes à vida pública. Mesmo aqueles que pensam odiar a política estão começando a participar. Quando eu tinha a idade deles, eu nunca imaginei que iria me tornar um militante político. No entanto, criamos um partido político quando descobrimos que o Congresso Nacional praticamente não tinha representantes da classe trabalhadora. Através da política conseguimos restaurar a democracia, consolidar a estabilidade econômica e criar milhões de empregos.
Claramente ainda há muito a fazer. É uma boa notícia que os nossos os jovens queiram lutar para que a mudança social siga em um ritmo mais intenso.
A outra boa notícia é que o presidenta Dilma Rousseff propôs um plebiscito para promover as reformas políticas tão necessárias. Ela também propôs um compromisso nacional para a Educação, a Saúde e o Transporte Público, em que o Governo Federal dará apoio financeiro e técnico substancial a Estados e Municípios.
Quando falo com jovens líderes no Brasil e em outros lugares eu gosto de dizer: mesmo se você perder a esperança em tudo e em todos, não dê as costas à Política. Participe! Se você não encontrar nos outros o político que você procura, você pode encontrá-lo ou encontrá-la em você mesmo.
Luis Inácio Lula da Silva foi presidente do Brasil e agora trabalha em iniciativas globais, no Instituto Lula.
(Tradução de Murilo Silva e Paulo Henrique Amorim)
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