Hoje, no momento em que o mundo
vive uma situação excepcional e delicada, fruto claramente de uma política
capitalista agressiva, que desestabiliza governos eleitos democraticamente em
busca de riquezas e mercados consumidores, quando o Papa Francisco visitou o
país de Cuba, visita que teve uma simbologia profunda. Naquela oportunidade ele
reconheceu os grandes avanços em varias áreas das ciências, e ainda alertou
para o sofrimento da humanidade com a fome, com a insegurança, doenças cada vez
mais nefastas, migrações forças pela guerra provocadas pelas grandes potências,
que procura solução nos efeitos e não nas causas do problema, tudo isso tira a
dignidade do ser humano, disse o Papa. Na ocasião ele atribuiu essa realidade
nefasta a crença ingênua num sistema capitalista, na qual o mercado forte e
livre resolveria todos os problemas, pois com o crescimento das economias todos
seriam beneficiados, “liserfire”, termo que quer dizer “deixe fazer”, modelo
duramente criticado pelo papa Francisco em sua primeira Carta de Exortação
Papal.
Essa modelo de desenvolvimento,
aonde o mercado busca o lucro fácil a partir da exploração do outro, em que
transformam as pessoas em resíduo humano, que segundo as palavras do próprio
Francisco, o individuo humano já teria passado da condição de material
descartável para a situação de lixo humano. Esse sistema perverso que visa o
lucro excessivo, o enfraquecimento de organismos internacionais multilaterais e
humanitários, luta para fortalecer as grandes corporações econômicas cada vez
mais globalizadas, tenta diminuir e desqualificar o papel do estado na promoção do bem estar dos
menos favorecidos e excluídos, a exemplo do que assistimos na Europa, em que os
mais forte economicamente para manter a hegemonia de suas teses pressionam os
governantes de países mais pobres a sacrificarem seu povo para manter o
statuquó de uma minoria sedenta por poder, construindo um novo bezerro de ouro,
o dinheiro.
Nem precisamos ir tão longe, aqui
mesmo no Brasil, assistimos fortes criticas a qualquer ação social de amparo
aos excluídos ou a programas de distribuição de renda para as camadas mais
desprovidas e grupos de minorias deste país. Nossa imprensa conservadora e a
elite reacionária sustentada pelas benesses, ainda provenientes do período
colonial se enfurecem com esse modelo de gestão, justamente por tirar deles a
possibilidade de explorar essa camada da sociedade mais do que já exploram.
Leia uma pequena reflexão do Papa
sobre a realidade ser humano, descrita pelo Papa Francisco em sua Carta de
Exortação, “A alegria do Evangelho” que retrata bem a conjuntura que o país de
Cuba vive em função de um embargo econômico, imposta a mais de 50 anos por puro
capricho das grandes potencia, e que já foi duramente desaprovado na ONU ao
longo do tempo:
Nessa linha de raciocínio, mesmo
sem mencionar ou fazer comparações com ideologias politicas, o Papa Francisco
mostra que o modelo desenvolvimentista adotado por governos progressista na
America do Sul, nos últimos anos, seria um modelo para combater a crise
econômica que assola o planeta. Pois mesmo não conseguindo crescer acima de 5%
como gostaria os que vivem de especulação financeira do mercado perverso e
neoliberal, mas mesmo assim, este pouco crescimento está atrelado a ações de
distribuição de renda e a programas de inclusão social e de combate a fome do
mundo moderno. Mais o defensores daquilo que o Papa Francisco condena, gostaria
que o governo elevasse a taxa de crescimento de maneira superficial, o que só
seria possível, com o aumento de juros, frouxa as políticas de combate ao
desemprego pra aumentar a demanda, diminuir o credito do mercado interno para
construção de casas, aquisição de moveis e eletros, além de diminuir os gastos
do governo com programas sociais. Isso seria um absurdo, significa o dinheiro
no centro das decisões e as pessoas na periferia da política econômica.
UM PARENTESE PARA A CRISE
MIGRATORIA NA EUROPA
Hoje a
Europa vive uma realidade paradoxal e toma medidas políticas para conter a
crise migratória que são no mínimo contraditórias, como pode um conjunto de
países mais ricos do mundo, criar um bloco comum de livre circulação de moedas,
mas que proíbe e com medidas violentas e desumanas a circulação de pessoas que
correm risco de morte. São idosas, mulheres e crianças, que arriscam suas vidas
para fugirem da guerra em barcos precários e quando conseguem chegar ao destino
almejado, são recebidos com hostilidades, com balas de borrachas, cães
agressivos e sofrem todos os tipos de maus tratos. Vale ressaltar que essas
guerras foram causadas por esses mesmos países que em busca de riquezas, em sua
maioria o petróleo, derrubou governos legítimos, mas que não atendiam seus
caprichos, deixando um vácuo de poder, dando espaços para ditadores, milícias
armadas e grupos extremista que massacra
os que com eles na concordam
Em sue discurso em Cuba o Papa Francisco deixa bem claro que a
desigualdade é fruto de um processo construído socialmente e não, um processo
natural em que muitos tentam mostrar pra diminuir a indignação e a revoltas dos
que são excluídos, esse sistema perverso chama-se capitalismo, que a partir de uma
política neoliberal e uma crença ingênua no mercado tenta repassar que os
problemas e as diferenças serão naturalmente resolvidos. Porem, cada vez mais
pessoas vão sendo marginalizadas e colocadas em situação de risco alimentar, o
que gera todo tipo de violências, como ressaltada pelo Papa. A fome tem que ser
trata como um ato de estupro a coletividade, pois ela é comparada a um esperma
por entre as pernas da violência que leva a todo tipo de atrocidade. Basta ler
o que o Papa Francisco afirma no
parágrafo 59 de sua carta de exortação:
Francisco clama: “Não à desigualdade social que
gera violência”
59. Hoje, em muitas partes,
reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a
desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível
desarraigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais
pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de
guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de
provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona
na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da
ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade.
Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta
de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e econômico é
injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal
consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar,
silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais
sólido que pareça. Se cada ação tem consequências, um mal embrenhado nas
estruturas duma sociedade sempre contém um potencial de dissolução e de morte.
É o mal cristalizado nas estruturas sociais injustas, a partir do qual não
podemos esperar um futuro melhor. Estamos longe do chamado “fim da história”,
já que as condições de um desenvolvimento sustentável e pacífico ainda não
estão adequadamente implantadas e realizadas.
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