Para escrever sobre esse assunto,
vamos usar como provocação inicial a citação da jornalista Ludmila Ribeiro, aonde
ela afirma que; “Ao termino de cada processo eleitoral, diversos jornais
noticiam que para a maioria dos eleitores, a segurança pública passou a ser uma
de suas principais preocupações, superando temas que, tradicionalmente,
ocupavam esse lugar, tais como saúde, educação e pobreza”. Mas será mesmo que
prefeituras possuem função na área de segurança pública? A Constituição
Federal, em seu art. 144, estabelece que “a segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos: polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares”.
Ou seja, lendo apenas a nossa constituição, ficamos com a impressão de que a
segurança pública é um problema de polícia. Então, isso equivale a dizer que
apenas as polícias possuem competência para lidar com os problemas do crime e
da insegurança? Será que os municípios nada podem fazer em termos de prevenção
ao crime”?
59. Hoje, em muitas partes,
reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a
desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível
desarraigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais
pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de
guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de
provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona
na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da
ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranqüilidade.
Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta
de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e econômico é
injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal
consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar,
silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais
sólido que pareça. Se cada ação tem conseqüências, um mal embrenhado nas
estruturas duma sociedade sempre contém um potencial de dissolução e de morte.
É o mal cristalizado nas estruturas sociais injustas, a partir do qual não
podemos esperar um futuro melhor. Estamos longe do chamado “fim da história”,
já que as condições de um desenvolvimento sustentável e pacífico ainda não
estão adequadamente implantadas e realizadas.
Se o orçamento é limitado como alegam
muitos gestores, então, eles têm que usa da criatividade e planejamento para
elaborar suas políticas, criar uma Coordenadoria ligada a uma Secretaria
existente para tal fim, constituindo o Conselho Municipal de Segurança, para
dialogar com a sociedade, além de criar uma rede de apoio a partir de
experiências existentes e instancias como o Conselho dos Direitos da Criança e
do Adolescente, Conselho Tutelar, Secretaria da Juventude, entre outras, para
ampliar as ações a serem desenvolvidas.
A guarda municipal é outro exemplo de ação que o município pode implantar na
área da segurança pública. Apesar de sua função ser de proteção ao patrimônio
público, sua presença tende a evitar o cometimento de crimes, por ser
constituída de indivíduos uniformizados, aumentando a sensação de segurança do
cidadão que passa pelas vias públicas e se sente protegido com a presença de
tal profissional.
Mas o que se
observa é a ausência de uma política indutora dessas ações, de forma planejada
e integradas, que possa se transformar num programa de repreensão e prevenção
ao crime que tenha como alvo as crianças e os adolescentes, hoje engolidas pelo
trafico de drogas, levando-os de inícios a pequenos furtos, que futuramente se
transformam em roubos a mão armada e até mesmo latrocínios, como forma de
alimentar o vicio. Outra sugestão seria começar com levantamento que visem
entender os condicionantes de violência nas escolas, nas praças, para elaborar
ações que proporcione a sua redução, que aliada a operacionalização de programa
de profissionalização e de lazer já ajudaria amenizar o problema da violência
juvenil.
Todo morador local
sabe dos espaços de lazer que existe na comunidade, mas também sabem que esses
espaços não cumprem seus objetivos de ocupar os jovens no período extraclasse,
evitando dessa forma, seu envolvimento em atividades ilícitas. Pois a visão que
se tem de tais ações é de gasto, quando na verdade elas representam mais
qualidade de vida e políticas contenção da violência física e simbólica, como o
envolvimento com drogas licitas e ilícitas, sexualidade e gravidez precoce,
entre outras mazelas. Esses são algumas alternativas entre tantas outras, que
depende em grande parte da boa vontade dos executivos municipais e seus
assessores diretos e indiretos, que precisam colocar em pratica o exercício da
reflexão para atender as demandas de suas respectivas áreas.
aqui mesmo temos o Balneário Parque das Aguas que poderia ser amplamente utilizado em atividades de lazer e lúdicas, até atividades simples de lazer. Atividades como dança, natação, tênis de mesa, futsal de areia, vôlei, entre tantas outras, que ocuparia o tempo ocioso de nossos jovens, além de discipliná-los e desenvolver regras e princípios de convivência em grupo e sociedade. Outros espaços como quadras poli esportivas escolares, revitalização da quadra municipal e o campo de futebol poderiam ser utilizados com escolinhas de futebol sob a coordenação de profissionais de educação física. Outra sugestão de ação para nossos jovens seria cursos profissionais em novas tecnologias e cursinhos preparatórios para concursos e vestibulares com curta duração. Esses são alguns exemplos que poderia ser aprofundados numa discussão séria e planejada sobre a violência no município, que tanto assola nossos jovens e amedrontam a comunidade, mas que já esta se tornando algo corriqueiro no imaginário do povo conceicionense.
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