Após passa o momento trágico da perda, em que a saudade aos poucos vai substituindo a dor da separação, pensei em fazer uma homenagem singela e saudosa a essa pessoa que apesar da diferença de idade, nutríamos uma amizade fraterna e engraçada dado certos momento. Mas como as palavras sempre me fugia, resolvi pedir a permissão a Professora e colega Nilziany Bandeira Guedes Moretti, para publicar seu texto lido na celebração, pois como muitos não se fazia presente, acredito que o texto cumprirar bem aquilo que almejo.
HERCULANO FRANCISCO DE MIRANDA: Por Nilziany Bandeira Guedes Moretti
“Foi pela fé que os
antigos foram aprovados por Deus... todos eles morreram na fé... eram
peregrinos sobre a terra; Eles aspiravam por uma pátria melhor, isto é, a
pátria celeste.” (Hebreus 11, 2.13.16)
É por esta mesma fé que tio Herculano, aceitou Jesus, desde o batismo e deu testemunho durante toda a vida. aos
78 anos, filho do saudoso Luiz
Francisco de Miranda e Maria Curcino Miranda. Esposo de Guiomar (Preta),
pai de Maria Yonar (Nenzinha – in memória), José Bonfim (Zé Branco),
Wellinton, Herculano Filho (Culanin), Evaneide, Mariana e Direne (filha
antes casamento). Avô de 19 netos (um in memória) e de 05 bisnetos.
Homem de Fé! Homem da Bicicleta! Homem do Sorriso Encantador!
Homem do Divino Espírito Santo!
Recordo
nesse momento, tio Herculano com seu jeitão humano de ser; que possuía
uma usina de limpar arroz, onde hoje temos a pracinha da igreja. Quantas
vezes, ali nos acolheu, com amor para receber ou entregar o arroz, o
puinho, ou o farelo de arroz para darmos às galinhas. Olha que ali, foi
um dos poucos lugares que vi tio Cula perder a paciência por causa de
uma correia quebrada ou outro problema no maquinário rústico. Brigava,
xingava, lamuriava, mas logo, logo estava sorrindo novamente,
principalmente, quando a gente fazia das palhas de arroz o lugar das
nossas brincadeiras e vez ou outra algum perdia a sandália ele dizia:
“Eu falei, agora vai apanhar quando chegar em casa...” e sorria!
Contaram-me, que quando mais novo tio Herculano, tomara conta do motor
da luz. Naquela época, o motor era ligado às 18 e às 22hs já era hora de
desligar; tudo era muito difícil e quando quebrava ou queimava alguma
peça ele pegava o chicote e batia no motor com raiva... ainda bem, que
ele descontava a raiva era nas maquinas e não em quem estava por perto,
não é?
Lembro tio Cula como servidor, porteiro do Colégio
Estadual Coronel José Francisco de Azevedo, gostava de rir dos maus
feitos dos alunos, mas tinha pouca paciência com os maus educados...
Recordo Herculano na rua de baixo! Ali, éramos todos uma só família! Se
um estava contente, todos se alegravam. Se um estava triste, todos
choravam a mesma dor... E tio Cula sempre muito presente nas casas de
todos. Na casa de tia Ermeta era só pra rir das brincadeiras dele com
ela; tomava-lhe o cachimbo e saia correndo... Com vó Joaquina era só
carinho e respeito; tratava-a como uma mãe... Na casa de tia Chiquinha e
tio Constancio nem se fala... e assim era com todos.
Como diz
os mais velhos, ele era um homem amigueiro. Com sua velha e inseparável
bicicleta monarque azul girava as ruas da cidade pra cima e para baixo.
Muita vezes, brincando, fingia que não nos via e jogava a bicicleta pra
cima da gente... depois soltava aquela gargalhada dizendo: Ura! É você,
fulano? Não tinha visto...
A amizade de tio Cula com pai, que
não tinha irmãos foi fenomenal, espetacular! Laços de sangue, não! Mas,
laços de amor fraternal... um irmão a cuidar do outro. Quando em 28 de
julho de 1999, pai viera a falecer ele chegou até nós e disse: “Seu pai,
meu irmão, meu compadre não está mais aqui, mas eu vou estar sempre
junto de vocês. Fiquem tranquilos que eu tô aqui. Tá bom, ‘Nidu’?” Como
ele chamava mãe. O abraço carinhoso e afetuoso, meu Deus!
Quando
ele entrava na casa de mãe a gente perguntava, só pra ouvir a resposta
de sempre: “Como vai tio Cula?” e ele respondia: “Vou bem, minha filha!
Com a cabeça entre as orelhas e o calcanhar para trás e sete furos na
cara!” E dava aquela gargalhada!
Quando a gente era criança,
acho que isso se repetiu com muitas crianças aqui de Conceição. Ele ia
entrando, batendo os pés e as mãos e cantava: “bascatú, bascatú,
bascatú!”, fazendo um verdadeiro sapateado nos pés. Como foi bom
conviver e aprender a sorrir da vida e para a vida com tio Cula.
E o que falar de tio Herculano e tia Preta tocando o famoso restaurante
na rua de baixo ou já lá em cima no Chapéu de Palha? Ou ainda, cuidando
das criações de porcos, galinhas, das lavouras e tantas outras coisas,
na Chácara, ao lado de tio Zé Carneiro? Fizeram proezas!
Na
criação dos filhos, não faltou cobrança! Queria sempre o melhor! Às
vezes era duro, parecia insensível, mas nunca deixou de amar e de zelar
de todos, bem como dos netos, bisnetos, sobrinhos e todos quantos se
achegavam
a ele. Um esposo que amou a sua mulher; que agradecia a
Deus por ela ser tão cuidadosa com ele. “Chegando ao ponto de
esquecer-se de si mesma” dizia ele, “para cuidar de mim! Nunca pensei
que, minha velha ia ser tão paciente!”. Exerceu bem o papel de avô
presente, carinho e muito mais de um avô-pai...
Agora,
impossível mesmo, seria recordar tio Herculano e não falar do seu amor,
devoção e respeito à Divindade, ao Espírito Santo de Deus! Falar de tio
Cula é lembrar-se dele como Alferes da Folia. Com a lança da Bandeira
empunhada nas mãos, chapéu de massa na cabeça, terno, gravata, botas e
muita alegria no coração. Era a sua grande satisfação, ser respeitado
por todos e reconhecido como Alfares do Divino. Que paz e que alegria
nos transmitia!
Na manhã do dia 26 de janeiro de 2017 (5ª
feira), auxiliando um pouco no cuidar dele, eu o acariciava e cantava
baixinho o Bendito do Espírito Santo e ele sussurrava... Então falei, e
ele bem debilitado, batia com a cabeça confirmando a minha fala.
“Herculano Miranda, alferes do Divino!” E com o olhar fito nos meus
dizia ele: “Três vezes Alferes da Folia de Baixo! Três vezes Alferes da
Folia de Cima! E três vezes Alferes da Folia da Cidade...!” Quanta honra
e alegria ele tivera em servir ao Divino Espírito Santo. Ainda fora
Imperador do Divino e, quantas e quantas vezes, ao lado de tia Preta,
acolheram as Folias para um pouso ou um almoço...
Amou tanto ao
Divino que soube sofrer com paciência e resignação o Calvário pelo qual
tivera que passar. Tanta era a fé, que mesmo no estágio mais avançado da
doença não deixara de clamar “Ó meu Divino Espírito Santo!” “Ó minha
Nossa Senhora!”. Deste modo, pudemos constatar como em Atos 1, 8 que o
Espírito Santo desceu sobre ele e o fez receber a força para ser
testemunha viva de Jesus.
Assim queremos entoar o Bendito ao
Divino Espírito Santo, agradecendo ao Bom Deus pela vida de Tio
Herculano, pelo seu carisma, pela sua humildade e alegria de viver...
BENDITO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Meu Divino Espírito Santo/ Aqui venho visitar/: Venho pedir uma esmola/Vós Senhor queira nos dar.
Vós Senhor queira nos dar/Esmola por caridade/ Para repartir com os pobres/Na maior necessidade.
Minha gente venha ver/Como é o Espírito Santo/ Tem os pés e o biquinho vermelho/E o corpo todo é branco; / E o corpo todo é branco/Tem os pés e o biquinho vermelho/
É uma das três pessoas/É um só Deus verdadeiro. /Quando o sol vem saindo/Pede licença ao Senhor/
Para repartir seus raios/No Divino resplendor./ Tudo quanto padecer/Com a força do verão/
Tudo no mundo se acaba/Só a graça de Deus não. / Só a graça de Deus não/Pra quem ama sempre a Deus Trino/ Vivendo sempre abrasado/Da chama do amor Divino.
Da chama do amor Divino/ Divino consolador/ Consolai as nossas almas/ Quando deste mundo for.
Quando deste mundo for/ Os anjos irão também/ Peço que nos dê a glória/Para todos sempre amém.Conceição do Tocantins, 28 de janeiro de 2017.
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