Segundo o socialista francês Louis Althusser não há leituras inocentes,
posto que toda interpretação de temas e fatos que cercam nossa realidade, esta
inevitavelmente relacionada ao posicionamento de classe, a
perspectiva político-ideológico, aos interesses materiais e aos
condicionantes culturais no qual o interprete está inserido.
Contudo, como socialista convicto que sou, sou
réu confesso por disseminar o pensamento e as experiências socialistas,
por acreditar que os governos progressistas alinhados a essa perspectiva foram
os que mais promoveram a reparação, a afirmação e inclusão social de grande
parte de nossa sociedade que sempre viveu a
margem da políticas de estado, além de
grupos minoritários, excluídos historicamente por um
sistema neoliberal de produção capitalista, sistema este que jamais conseguirá
conviver com um estado de democrático pleno.
Pois são políticas públicas forjadas nas
lutas de classe e que nasceram dos anseios de vários grupos de
excluídos, elaboradas pelos partidos que mais representa o
pensamento socialista e progressista deste País. Esses movimentos elegeram
pessoas e criaram lideres oriundos de militâncias
que lhes possibilitaram um VER a realidade mediante
uma análise de conjuntura mais próxima do concreto e não apenas do teórico,
um JULGAR a partir de um ponto de vista mais qualificado,
considerando a política do mais amplo aspecto e dimensões diversas, além, de
um AGIR com base num estado de bem estar coletivo, para todo o
país e todos os segmentos sociais e não apenas para um terço da população, como
antes e como se projeta para um futuro próximo.
Por isso, sempre procurei escrever meus sonhos e ideologias nessa
linha de raciocínio e, por mais que muitos digam que as utopias são coisas do
passado, sempre continuarei persistindo nesse ideal, pois acredito que sem elas
não é possível uma vida social digna.
E ainda sim, mesmo diante das agressões gratuitas sofridas
por parte daqueles que tenta criminalizar os movimentos sociais, as centrais
sindicais e os partido progressistas, sempre adotarei a máxima de
Cheguevara: “prefiro morrer de pé do que viver ajoelhado”, pois minhas
convicções são fortalecidas e encorajadas pelo pensamento de Maximiano Cerezo,
quando ele afirma que ante a velha política, decepcionante e decadente, brota
uma nova visão, disposta a ecoar o sonho da utopia eterna e renovada, a medida
que os sonhos se realimentam.
Mesmo com o aumento do desencanto ante a política
neoliberal, devemos reivindicar o direito de seguimos sonhando com uma pratica
política revolucionária que abra espaço para a participação popular, isso
exige, uma análise constante do impacto de tais políticas em nosso dia a dia.
Principalmente, da revolução que vem sendo difundida na América Latina e, que
desperta a fúria do grande capital, do qual alguns países se tornaram alvo,
primeiro a Venezuela, depois Equador, seguido da Argentina e no atual momento o
Brasil, em função das grandes reservas de petróleo e outras riquezas minerais,
como o PRÉ-SAL e as jazidas da Venezuela, que são joia tão cobiçada.
Essa será uma luta constante, pois o continente
sul-americano, ainda hoje, tem uma elite social tradicional, que são herdeiros
dos conquistadores e colonizadores, que em sua maioria são donos dos grandes
latifúndios, meios de comunicação, dentre muitos outros conglomerados, que
tentam a todo custo manter a dependência neocolonialista da política
imperialista norte americana, como garantia de perpetuar seus velhos e
populosos privilégios. Não se importando com o investimento em ciências
tecnológicas, na indústria e muito menos com o ensino, preferem continuar
exportando matérias primas, principalmente produtos agrícolas e minérios, em
contrapartida, continua abastecendo o mercado interno com importação de
produtos industriais, com valores agregados, provenientes desses países como
uma forma compensatória por tentar mantê-los no poder, a exemplo do que
aconteceu na Venezuela com o apoio antes a Capriles e depois a Juan
Guaidó e aqui no Brasil, o consórcio mídia-judiciário-mercado, que tem
seus interesses hoje representados pela Extrema direita e companhia.
Doravante, nas últimas duas décadas iniciou-se uma resistência dos
movimentos populares e progressistas em relação à política expansionista norte
americana, principalmente, quando este propôs a criação da Área de Livre
Comercio das Américas (ALCA), que teve na implantação do MERCOSUL e na ascensão
de LULA ao poder seus principais obstáculos. Essa organização de massas
representou o balão de ensaio para um projeto autônomo e progressista para a
América Latina, que sofre um processo de sufocamento, com o posicionamento
tendencioso de uma imprensa golpista, que sempre procura marginalizar e criminalizar
os movimentos de bases e agora os partidos progressistas, pois esses grupos
construíram políticas embrionários que vem dando origem a um novo projeto para
os povos latino-americanos.
Nesse processo, a ascensão do ex-presidente LULA e outras lideranças
latinas e caribenhas, significa um divisor de águas na resistência ao
imperialismo americano, bem como uma ameaça, pois essas lideranças através de
seu carisma e a implementação de políticas de reparação e afirmação social,
despertou um sentimento de resistência e pertence ao povo do hemisfério sul.
Não à toa, elas foram uma a uma sendo caçada, presa e correram e ainda correm
risco eminente de vida. Mas toda resistência e organização dos movimentos
populares de massa tem um significado não apenas emblemáticos, mas práticos,
pois as duas maiores economias da América Latina foram comandadas por 13 anos
por forças progressistas e socialistas e a elas seguem o pensamento deixado por
Hugo Chaves na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, teve ainda tem Rafael Correia
no Equador e Lula no Brasil. Porém, a direita reacionária, financiada pelo
capital estrangeiro tem avançado novamente no continente.